O governo de Donald Trump enviou, na sexta-feira (24), o porta-aviões USS Gerald R. Ford — o maior e mais moderno porta-aviões da frota americana — ao mar do Caribe, movimento interpretado como uma demonstração de força direta contra o regime de Nicolás Maduro. Oficialmente, o Pentágono afirma que a missão visa interromper o tráfico de drogas na região, mas a mobilização eleva as tensões políticas entre Washington e Caracas.
A força embarcada do Gerald R. Ford inclui três destróieres — USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston S. Churchill —, além de esquadrões de caças F/A-18 e helicópteros de ataque. O grupo de ataque deve chegar à área de operações dentro de alguns dias e se somará à já grande presença militar americana no mar do Caribe.
O Pentágono disse que o deslocamento tem por objetivo “ampliar e fortalecer as capacidades existentes para interromper o tráfico de drogas e degradar e desmantelar” organizações criminosas transnacionais. Além do objetivo declarado de combater o narcotráfico, o envio do Gerald R. Ford tem claro efeito político e simbólico: é um reforço à pressão sobre Maduro, uma demonstração de capacidade de prontidão militar e um instrumento de dissuasão regional, cujo impacto poderá variar dependendo dos próximos passos da Casa Branca e da reação venezuelana.
Ao lado do presidente, o secretário de Defesa Pete Hegseth comparou os cartéis a organizações terroristas e adotou linguagem de combate: “como o presidente disse, este [os cartéis] são o Estado Islâmico e Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental. Vamos tratá-los como tratamos a Al-Qaeda. Vamos encontrá-los. Vamos mapear suas redes. Vamos caçá-los e matá-los”, disse Hegseth, em pronunciamento público. A fala sinaliza disposição por parte de Washington por ações mais duras contra redes criminosas na região.
O USS Gerald R. Ford foi incorporado à frota americana em 2017 e inaugura a classe Ford de porta-aviões. Com cerca de 333 metros de comprimento e deslocamento da ordem de 100 mil toneladas, o navio pode embarcar até 90 aeronaves e aproximadamente 4.500 militares. Sua pista de decolagem tem área equivalente a três vezes o gramado do Maracanã e o navio opera com propulsão nuclear.
O armamento e os sistemas embarcados incluem lançadores de mísseis antiaéreos, sistemas de defesa de ponto e um avançado sistema eletromagnético de lançamento de aeronaves (EMALS). Essas características tornam o Gerald R. Ford o principal instrumento de projeção de poder naval dos EUA, preparado tanto para operações de dissuasão quanto para ações ofensivas coordenadas.
A decisão de deslocar o porta-aviões ao Caribe ocorre contra o pano de fundo de ataques navais recentes atribuídos pelos Estados Unidos a embarcações ligadas a cartéis, e depois que a administração Trump rotulou grupos de narcotráfico sul-americanos como organizações terroristas e dobrou a recompensa pela captura de Nicolás Maduro para US$ 50 milhões. Caracas denuncia que a ofensiva tem como objetivo a mudança de regime.