A mínima histórica do desemprego no Brasil, atingindo apenas 5,4% no trimestre encerrado em outubro, tem ofuscado alguns desafios persistentes do mercado de trabalho. A informalidade segue como velha conhecida dos brasileiros. Especialistas estimam que cerca de 37% dos trabalhadores do país são informais, percentual que não variou muito ao longo das últimas décadas. Segundo o coordenador de indicadores de mercado de trabalho no FGV IBRE, Rodolpho Tobler, a informalidade do trabalho no Brasil tem duas causas principais: a qualificação inadequada dos profissionais e a estrutura produtiva do país.
“Não é que o Brasil não esteja se qualificando”, diz ao Radar Econômico. “Mas será que essa escolarização está mirando as necessidades que um país precisa para se desenvolver?”, conclui. Tobler pondera que o Brasil é hoje muito mais escolarizado do que no passado, mas a educação é pouco técnica e muitas vezes desconectada de realidades produtivas de cada região do país.
O problema mais estrutural que leva à informalidade do trabalho no Brasil, segundo o pesquisador, é a maneira como a economia nacional está organizada: “A nossa economia é muito focada em serviços simples”, diz. “Tivemos um enfraquecimento da indústria na nossa história recente e, além disso, há uma dificuldade para fomentar serviços mais inovadores e tecnológicos”, conclui. Tobler aponta que atividades produtivas mais dinâmicas e produtivas sofrem com altos custos de operação. Nesse sentido, medidas como a reforma tributária, de desburocratização de processos e melhoria do ambiente de negócios auxiliam a contornar o problema.