Lembrado por sua frieza em quadra, Bjorn Borg lançou nesta quinta, 19, a sua autobiografia “Hjärtslag: En självbiografi” (“Batidas do Coração: Memórias”). Aos 69 anos, o ex-tenista relembra no livro sua vida dentro e fora do esporte e admitiu o vício em cocaína e revelou um diagnóstico de câncer de próstata em 2023.
Dono de 11 Grand Slams, Borg foi franco sobre o uso de drogas: “A primeira vez que experimentei cocaína, senti uma onda tão forte quanto a que o tênis já havia me proporcionado. Senti uma energia incrível e fiquei viciado imediatamente.” Tudo ocorreu na boate Studio 54, em Nova York, nos Estados Unidos, no início dos anos 80. “Não percebi à época o quão perigoso era.”
Quando morava em Milão, nos anos 1990, era casado com a cantora italiana Loredana Berte e viveu momentos difíceis. “Tínhamos más influências e… drogas e pílulas ao nosso alcance. Lá, eu estava mergulhado na mais profunda escuridão”, escreve Borg. Hoje, o ex-atleta é casado com a Patricia Östfeld, que colaborou na escrita da biografia.
Em 1996, outro episódio o marcou. Desmaiou em uma ponte na Holanda, acordou no hospital com seu pai ao seu lado. “Ele não disse nada, foi muito constrangedor”, afirmou Borg em um programa de entrevistas Skavlan, na emissora pública SVT. “Fiquei terrivelmente envergonhado.” Foi a sua segunda overdose, depois de outra ocorrência não intencional, segundo ele, em 1989 na Itália.
Diagnóstico de câncer
Borg recebeu o diagnóstico de câncer de próstata em setembro de 2023. Considerado como “extremamente agressivo”, a doença entrou em remissão depois de uma cirurgia em 2024.
No livro, o ex-tenista escreveu que “o risco de voltar ainda existe, e é algo com que terei que conviver por um tempo, com a ansiedade de não saber… se o câncer foi detectado a tempo.”
Doping
Em entrevista ao programa BBC Breakfast, divulgando sua autobiografia, Borg comentou sobre o uso irregular de drogas e doping: “Quando jogávamos, a minha geração, eu sei com certeza, conheço alguns jogadores, eles usavam coisas que não deveriam usar”, disse.
“Não quero entrar em detalhes, não é importante. Mas hoje, acho bom que eles se testem, e às vezes eu entendo que os jogadores precisam se testar muitas vezes”, declarou o ex-tenista. “É importante manter o tênis como um esporte limpo”.
Borg também comentou o caso recente e controverso do italiano Jannik Sinner, considerado ‘inocente’ pela Agência de Internacional de Integridade do Tênis (ITIA) sem apresentar intencionalidade ou negligência em agosto: “Fiquei muito surpreso quando li isso. Acho que aconteceu duas vezes. Quer dizer, se aconteceu uma vez… mas aconteceu duas vezes, eu acho. Então, acho isso muito estranho. O que aconteceu, eu realmente não sei. Espero que nada grave tenha acontecido”.