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Por que Trump e Vance foram esnobados em funeral de Dick Cheney

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu vice, J.D. Vance, foram esnobados ao não serem convidados para o funeral do ex-vice-presidente Dick Cheney nesta quinta-feira, 20, disse um funcionário da Casa Branca sob condição de anonimato ao jornal britânico The Guardian. Cheney morreu em 3 de novembro, aos 84 anos, devido a complicações de pneumonia e problemas cardíacos e vasculares. Nos últimos anos, ele juntou-se à filha, a ex-congressista republicana Liz, na crítica pública do trumpismo.

O político serviu como secretário de Estado durante o governo de George H. W. Bush (1989-1993) e foi alçado a vice na gestão de George Bush filho (2001-2009), onde redefiniu a função e ficou conhecido como principal arquiteto da “guerra ao terror”, a resposta americana aos atentados do 11 de setembro. No funeral na Catedral Nacional em Washington, D.C., Cheney foi definido como “tudo o que um presidente deveria esperar de um segundo em comando” por Bush filho, que acrescentou: “Não existe ninguém melhor que Dick Cheney”.

A catedral ficou lotada de republicanos e democratas, incluindo o ex-presidente Joe Biden; os ex-vice-presidentes Kamala Harris, Mike Pence, Al Gore e Dan Quayle; a ex-presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi; e o presidente do Supremo Tribunal dos EUA, John Roberts. Mas a ausência de dois proeminentes democratas, os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, foram sentidas.

Em discurso fúnebre, Liz comentou sobre a educação que ela e sua irmã Mary receberam do pai a respeito da importância da República e do serviço público. Sem citar o presidente, ela aludiu ao papel de Cheney como líder dos esforços para responsabilizar Trump pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2020. Ela também falou que o presidente democrata John F. Kennedy, assassinado em 1963, foi uma inspiração para o seu pai, embora ele tenha seguido carreira política pelo Partido Republicano.

“Mas ele sabia que os laços partidários sempre devem ceder ao único laço que compartilhamos como americanos. Para ele, escolher entre defender a Constituição e defender seu partido político não era escolha nenhuma”, disse Liz, que assim como o pai rompeu com Trump e votou em Kamala nas últimas eleições presidenciais.

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Quem foi Dick Cheney

Nascido em Lincoln, no Nebrasca, parte da região conhecida como Midwest nos Estados Unidos, Richard Bruce Cheney foi vice-presidente durante os dois mandatos do republicano George W. Bush, de quem a imprensa e analistas viam como uma espécie de “Presidente-sombra”, dado seu nível de influência na condução da política externa e doméstica entre 2001 e 2009.

Ao mesmo tempo, Cheney foi um defensor do fortalecimento dos poderes presidenciais, diante de um progressivo protagonismo do Congresso. Segundo ele, o Executivo havia sido indevidamente restringido pelo Legislativo e Judiciário após a guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate.

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Cheney chegou a Washington décadas antes de tornar-se vice, durante a era Nixon, quando trabalhou no gabinete de Donald Rumsfeld, a quem sucedeu em 1975 como chefe de gabinete do presidente Gerald Ford. Foi eleito para o Senado pelo Wyoming pela primeira vez em 1978 (meses depois de ter sofrido um de vários ataques cardíacos), de onde saiu em 1989 para ser secretário da Defesa de Bush pai. Foi líder do Pentágono durante a primeira Guerra do Golfo.

Por seu desempenho como secretário de Defesa, foi recomendado como companheiro de chapa de Bush filho, de quem tornou-se o conselheiro mais confiável e influente — além de arquiteto e executor das principais iniciativas do governo, como o uso do poder militar para promover a democracia no exterior e a defesa de cortes de impostos e de uma economia forte. Atuando livremente nas áreas de política externa e doméstica, funcionava como uma espécie de “superministro” com um portfólio ilimitado, usando sua autoridade para defender a guerra, propor ou barrar legislações, recomendar candidatos à Suprema Corte, promover aliados e neutralizar adversários.

Foi na área de segurança nacional que teve seu impacto mais profundo. Uma década depois de conduzir a Guerra do Golfo, que expulsou com sucesso os invasores iraquianos do Kuwait em 1991, desempenhou um papel central na resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, defendendo políticas agressivas como espionagem sem mandado judicial, detenções por tempo indeterminado e técnicas de interrogatório brutais. Também foi um dos principais apoiadores da invasão ao Iraque, em 2003, para derrubar Saddam Hussein — e completar, segundo ele, o “trabalho inacabado” de sua gestão anterior, mas dando início a anos de guerra no Oriente Médio.

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Pela amplitude de sua influência, muitos democratas e até alguns republicanos se perguntavam se Dick Cheney não seria o verdadeiro detentor do poder na Casa Branca durante o primeiro mandato de George W. Bush, considerado um presidente inexperiente. Eventualmente, porém, Bush filho afirmou sua autoridade e a influência de Cheney diminuiu no segundo mandato.

Nos últimos anos, Cheney juntou-se à filha, a ex-congressista republicana Liz, na crítica pública do trumpismo, sobretudo após a tentativa de reversão dos resultados das eleições presidenciais de 2020 e da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele surpreendeu tanto democratas e quanto republicanos ao anunciar, no ano passado, que votaria na vice-presidente de Joe Biden, Kamala Harris, para presidente nas eleições, condenando seu oponente, Donald Trump, como uma grave ameaça à democracia.

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