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Por que Lula já ganhou na negociação com Trump

O governo Lula parece ter encontrado, nas conversas com Donald Trump, um raro exemplo de jogo de soma positiva na política. Se houver negociação, Lula colhe dividendos diplomáticos e ganha manchetes internacionais. Se não houver, também leva vantagem: reforça a imagem de estadista que tentou o diálogo e, de quebra, transfere o ônus do fracasso à turma de Bolsonaro — alinhada incondicionalmente ao ex-presidente americano.

No Planalto e no Itamaraty, a leitura é unânime: o presidente já venceu a batalha da comunicação. A avaliação é de que tudo ocorreu dentro do que o Ministério das Relações Exteriores queria: nada de gestos intempestivos, nada de telefonemas ou visitas improvisadas. O ministério defendia amaciar o terreno, construir um ambiente minimamente controlado antes de qualquer encontro. Havia pressão para um contato imediato, mas a experiência mostrou que preparar o cenário funciona.

O episódio derrubou o discurso da extrema-direita de que Lula não se movia, não ligava, não tentava. A narrativa de paralisia perdeu força. O presidente mostrou ação — e, ao mesmo tempo, prudência — ainda que tenho falado demais na semana passada. A combinação é importantíssima num ambiente em que gestos simbólicos têm peso político real.

Lula sabe que, no jogo econômico, tentar às vezes vale mais do que conseguir. O simples movimento já basta para mostrar disposição ao diálogo e senso de responsabilidade internacional. Se Trump topar derrubar as tarifas, Lula capitaliza o gesto como vitória da diplomacia. Se Trump recusar, o Planalto empurra o ônus do fracasso para o radicalismo trumpista — e, por tabela, para o bolsonarismo doméstico.

O movimento também serve à estratégia de reposicionamento do Itamaraty. O ministério recupera protagonismo e mostra que, longe do improviso e da retórica ideológica, a política externa pode voltar a ser ferramenta de ganho político interno. O gesto calculado, e não o arroubo, é o que define esse momento da diplomacia lulista.

Na política, há vitórias que não dependem do adversário. No caso Lula-Trump, o resultado pode até ser incerto, mas o roteiro já está escrito: qualquer caminho leva o presidente brasileiro a um ponto de vantagem.

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