Leão XIV reverteu nesta segunda-feira, 6, uma reforma do papa Francisco que centralizava o poder do Instituto para as Obras de Religião (IOR, na sigla em italiano), também conhecido como Banco do Vaticano. Em novo decreto, o pontífice americano cancelou a autoridade exclusiva do IOR sobre os investimentos de departamentos do Vaticano. Com isso, o uso de bancos estrangeiros passa a ser permitido.
A decisão, contudo, ainda orienta que os departamentos a priorizar o Banco do Vaticano, “a menos que os órgãos competentes… considerem mais eficiente ou conveniente recorrer a intermediários financeiros estabelecidos em outros Estados”. Na decisão, Leão explica que “a corresponsabilidade in communio é um dos princípios para o serviço da Cúria Romana, como desejado pelo Papa Francisco e estabelecido na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium de 19 de março de 2022″.
“Esta responsabilidade compartilhada, que também diz respeito às instituições curiais responsáveis pelas atividades de investimento financeiro da Santa Sé, exige que as disposições que se sucederam ao longo do tempo sejam consolidadas e que os papéis e responsabilidades de cada instituição sejam claramente definidos, tornando possível que todos convirjam em uma dinâmica de colaboração mútua”, acrescenta o decreto.
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Nas últimas décadas, casos de corrupção e falta de transparência mancharam a reputação do Vaticano, que lida com um rombo de 83 milhões de euros (mais de R$ 516 milhões na cotação atual), de acordo com o último relatório oficial sobre as finanças do país-sede da Igreja Católica, de 2022. O Vaticano, o menor Estado do mundo, tem uma vida financeira limitada: não pode emitir dívida pública, vender títulos no mercado financeiro nem cobrar impostos dos cidadãos, como fazem os governos tradicionais.
À frente da Santa Sé por 12 anos, Francisco promulgou uma série de mudanças para tentar resolver os problemas econômicos internos. Críticos, no entanto, afirmam que a reforma de 2022 de muito poder ao IOR sobre departamentos do Vaticano, que estavam barrados de ter investimentos até mesmo em bancos na Itália.