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Por que diretora vai ignorar Zizi Possi em documentário sobre Angela Ro Ro

Dividida entre Rio de Janeiro e Paris, a cineasta Liliane Mutti, 47, está em fase de finalização do documentário biográfico inédito Angela Ro Ro, sobre a vida e obra da cantora que morreu nesta segunda-feira, 8, aos 75 anos. A produção estreia em 2026 no Curta! e teve imagens exibidas no 3º Festival Curta! Documentários’, em agosto, durante a atividade “Sala de Montagem”. Próxima a Angela, ainda em luto, Liliane falou com a coluna GENTE sobre os últimos meses com a artista, que possuia uma rede de apoio de amigas.

O que te levou a produzir um documentário sobre Angela Ro Ro? Angela, há alguns anos, me mandava áudio de feliz aniversário. Mas, em 2021, ela comentou algo que leu sobre o filme Miúcha, que dirigi com Daniel Zarvos. Disse que queria escrever uma biografia, e sondou sobre o que eu estava fazendo no momento… Perguntei então se era um convite, ela rebateu se aceitaria, propus um filme e daí em diante comecei a gravar todos os nossos encontros e a produzir novos arquivos. O filme foi nascendo assim, da Angela 70+, como uma resistência ao etarismo, tratando de uma mulher que não se curvou aos julgamentos. Ela estava ali de pé, digna, como uma heroína que atravessou gerações. 

Ela faz uma declaração para o documentário. Envolveu-se no projeto? Ela estava presente do início ao fim, madrugadas a fio, em fusos confusos pela nossa distância. Em uma de minhas vindas ao Brasil, ela não quis encontrar para filmar, foi frustrante. Houve surpresas de ser acordada por ela no meio da madrugada, houve o momento incrível de levá-la para a praia de Botafogo para tocar o piano de João Donato… Com a Ro Ro nada poderia ser convencional.

Algo foi pedido para ficar de fora? Tem algumas histórias que entram e outras que ficam de fora em todo filme. Posso adiantar que não tenho nenhuma curiosidade em colocar Zizi Possi no filme, pois estou interessada nos amores bem vividos, e infelizmente, Angela levou suas mágoas desse relacionamento até o fim e assim a respeito.

Ela estava internada desde julho. Chegou a acompanhar esse processo? Diariamente, mas à distância. Estávamos em países diferentes, com um oceano no meio. Vim ao Rio em agosto para a sala de montagem do Canal Curta!, na Estação Botafogo. Estava com o meu nome na porta do hospital autorizando a visita, mas ela piorou na véspera. Então, doutora Loreta, médica pessoal dela, mandou um áudio no grupo das amigas pedindo para que nenhum de nós fôssemos ao hospital. Angela já não estava nem em condição de escolher, assim fizemos o possível para apoiá-la, mas infelizmente seu corpo já estava se despedindo.

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O que destacaria no documentário? Faço “o cinema do sim”. A afetividade, para mim, é parte do processo. O filme existe porque essas mulheres que nos inspiram existem; e estou aqui me colocando como fluxo feminino, para eternizar essas deusas através da magia do cinema.

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