Do vestiário ao streetstyle, o blokecore – representada principalmente pelas camisetas de time – virou conversa fashion. Mesmo sendo uma ação promocional, a top model Alessandra Ambrosio deu um start nessa tendência ao ser vista recentemente com uma dessas blusas combinada a meia calça e salto alto em Paris.
O nome vem do inglês “bloke”, gíria para “cara comum”, e remete ao estilo dos torcedores britânicos dos anos 1990: camisetas de clubes, jeans, tênis retrô e casacos esportivos. O que antes era considerado visual casual de arquibancada, hoje está em editoriais e vitrines, com marcas como Louis Vuitton assinando uniformes como do Real Madrid na Copa Mundial de Clubes, mas de olho nas ruas.
A Dior já desenhou os trajes de viagem do Paris Saint Germain, assim como a Adidas, que não só relançou modelos retrô do Arsenal e do Manchester United, como voltou ao futebol brasileiro com a linha Originals desenvolvendo o novo uniforme do Flamengo “ligado à cultura, lifestyle e história”. Ou seja, a estética do torcedor virou linguagem de moda global.
Entre marcas brasileiras, a moda também pegou, com a mineira Chico Rei apostando em parcerias com grandes clubes: depois de um lançamento de sucesso com o Vasco da Gama — onde camisetas com o escudo cruzmaltino e grafismos retrôs viraram hit entre fashionistas, a grife mergulhou na identidade nordestina com a nova coleção para o Sport Club do Recife.
Mas o fenômeno vai além das coleções pontuais. Camisas de futebol vintage estão entre os itens mais garimpados do momento. Marcas como Goat e Classic Football Shirts fazem sucesso com raridades das décadas de 1980 e 1990. Nessa seara, o Corinthians é referência constante: dos mantos históricos da Democracia Corinthiana às colaborações com marcas de streetwear e colecionadores, o clube paulista é um dos grandes ícones visuais da cultura blokecore – a coleção “Corinthians 1910”, lançada com pegada retrô e visual custmizado em collab com a marca de streetwear Approve, é um bom exemplo.
Essa fusão entre moda e futebol também explica por que o blokecore faz tanto sentido hoje: ele não é só sobre roupa, é sobre pertencimento. Celebridades, rappers, DJs e influenciadores adotaram a estética como uma espécie de uniforme cultural. E, para uma nova geração que vê no futebol uma forma de expressão — seja dentro do estádio ou na timeline — vestir a camisa é um ato fashion. É sobre herança, paixão, estilo e memória.



