Nove mesquitas da região metropolitana de Paris amanheceram, nesta terça-feira (9), com cabeças de porco deixadas diante de suas entradas. O chefe da polícia local, Laurent Nunez, anunciou a abertura de um inquérito por suspeita de incitação ao ódio.
“Uma investigação foi iniciada imediatamente”, afirmou Nunez em uma publicação na rede social X. “Todos os esforços estão sendo feitos para encontrar os autores desses atos desprezíveis”, finalizou.
Ce matin tôt, des têtes de cochon ont été découvertes sur la voie publique devant l’entrée de plusieurs mosquées de l’agglomération. Une enquête a immédiatement été ouverte. Tout est mis en œuvre pour retrouver les auteurs de ces actes abjects. pic.twitter.com/h08ufL97pj
— Laurent Nuñez (@NunezLaurent) September 9, 2025
Nunes disse que as cabeças de porco foram despejadas em quatro mesquitas de Paris, e em outras cinco localizadas em áreas dentro da Região Metropolitana. O ato parece ter sido “realizado simultaneamente por várias pessoas”.
“Qualquer que seja a origem desses atos, que parecem fazer parte de uma ação coordenada, eles fazem parte dessa onda de ódio contra os muçulmanos mantida pelos comentários de certas personalidades políticas e midiáticas”, declarou a presidente da Coordenação das Associações Muçulmanas de Paris, Najat Benali, ao jornal francês Le Monde.
O episódio foi condenado como um insulto ao islamismo, uma vez que os porcos são considerados impuros para os muçulmanos. “Quero que nossos compatriotas muçulmanos possam praticar sua fé em paz”, disse o ministro do Interior da França, Bruno Retailleau. O país tem a maior população muçulmana da Europa, com 6 milhões de pessoas.
“Se eles podem fazer isso, o que mais eles poderiam fazer?”, questionou o presidente de uma das mesquitas que foram alvo do episódio, Alim Burahee. “É catastrófico e decepcionante ver essas coisas”, lamentou.
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Segundo a agência de notícias Associated Press, cinco dos restos mortais continham a palavra ‘Macron’ rabiscada de tinta azul, em uma clara referência ao atual presidente francês Emmanuel Macron, que vive um momento de baixa em sua administração devido à crise política e fiscal que assola a França.
As autoridades levantaram a possibilidade de que o episódio seja uma tentativa de desestabilização interna desencadeada por governos estrangeiros, com a maior desconfiança pairando sobre a Rússia, que anteriormente foi citada como responsável por esforços para semear discórdia, incluindo a presença de caixões nas proximidades da Torre Eiffel com os dizeres “soldados franceses da Ucrânia”.
“Não podemos deixar de estabelecer ligações com atos anteriores que aconteceram, muitas vezes à noite, e que mais tarde provaram ser atos de interferência estrangeira”, declarou Nunez.