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Polícia de Paris reconhece grandes falhas na segurança do Louvre após roubo

A polícia de Paris reconheceu nesta quarta-feira, 29, que há grandes falhas nas defesas do Louvre, uma semana depois do roubo que abalou a França ao ver subtraídos do museu alguns de seus mais preciosos tesouros nacionais. Em meio à caçada aos quatro ladrões de joias que invadiram a Galeria Apollo em plena luz do dia, que conseguiu deter apenas dois suspeitos, autoridades do governo foram obrigadas a prestar contas sobre as falhas na proteção do patrimônio francês.

O chefe de polícia de Paris, Patrice Faure, declarou a senadores nesta quarta que sistemas obsoletos e correções lentas criaram fragilidades no museu mais visitado do mundo, que recebe 8,7 milhões de pessoas por ano.

“Nenhum avanço tecnológico foi feito”, disse ele, observando que partes da rede de vídeo ainda são analógicas, produzindo imagens de qualidade inferior e com transmissão lenta em tempo real.

Segundo a autoridade policial, uma reforma há muito prometida no sistema de vigilância — projeto de US$ 93 milhões (quase meio bilhão de reais) que requer cerca de 60 quilômetros de novos cabos — “não será concluída antes de 2029 ou 2030”.

Faure também revelou que a autorização do Louvre para operar suas próprias câmeras de segurança expirou em julho e não foi renovada — uma falha burocrática que alguns apontam como símbolo de negligência generalizada. Ele afirmou que a polícia passará a monitorar os prazos das autorizações de vigilância em todas as instituições culturais para evitar que o erro se repita.

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O roubo

Em apenas sete minutos, quatro assaltantes invadiram, pela janela, o segundo andar do Louvre, acessando a Galeria Apollo por meio de uma plataforma de elevação característica de caminhões de mudança — o veículo teria sido roubado pouco tempo antes, segundo a polícia. Eles cortaram o vidro usando uma espécie de serra elétrica portátil, se apossaram de oito peças da coleção de joias da coroa francesa, e depois voltaram pelo mesmo caminho, fugindo, em seguida, de motocicletas pelas margens do rio Sena. Tudo isso enquanto turistas estavam lá dentro.

O grupo levou cerca de US$ 102 milhões em joias, entre elas, um colar de diamantes e esmeraldas da imperatriz Maria Luísa e uma coroa da imperatriz Eugênia, adornada com mais de 1.300 diamantes e 56 esmeraldas.

“Os policiais chegaram extremamente rápido”, garantiu Faure, mas acrescentou que houve demora em etapas anteriores da cadeia de atendimento — desde a detecção inicial do crime, passando pela segurança do museu, até a linha de emergência e, finalmente, o comando da polícia.

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O chefe da polícia de Paris e sua equipe disseram que o primeiro alerta à corporação não veio dos alarmes do Louvre, mas de um ciclista do lado de fora do museu, que ligou para o número de emergência após ver homens usando capacetes na plataforma elevatória.

Polícia exige mudanças

Dois suspeitos foram presos no fim de semana, um deles no Aeroporto Charles de Gaulle, enquanto tentava deixar a França. De acordo com as leis francesas sobre roubo organizado, o prazo de prisão preventiva pode chegar a 96 horas; ou seja, os promotores devem acusar os suspeitos ou pedir uma prorrogação judicial até, no máximo, o final da quarta-feira, 30. Do contrário, terão que libertá-los. Nenhuma das peças foi recuperada, por ora.

O roubo também expôs uma falha no contrato que cobre as joias, que não possuíam seguro privado. O Estado francês autoassegura seus museus nacionais, já que os prêmios para cobrir patrimônios inestimáveis ​​são astronômicos. Assim, o Louvre não receberá nenhuma indenização pela perda. O impacto financeiro, assim como a ferida cultural, é total.

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Faure, chefe da polícia de Paris, se opôs a soluções paliativas para a questão de segurança patrimonial. Ele rejeitou os pedidos por um posto policial permanente dentro do Louvre, alertando que isso criaria um precedente inviável para outros museus e pouco contribuiria contra quadrilhas ágeis, como a que invadiu a instituição recentemente.

“A questão não é ter um guarda na porta; é agilizar a cadeia de alerta”, afirmou, instando os deputados franceses a autorizarem ferramentas atualmente proibidas: detecção de anomalias e rastreamento de objetos usando ferramentas de inteligência artificial (IA), para sinalizar movimentos duvidosos e acompanhar suspeitos pelas câmeras da cidade em tempo real.

Autoridades sob pressão

A ministra da Cultura, Rachida Dati, pressionada, tem se mantido na defensiva — recusando a renúncia da diretora do Louvre e insistindo que os alarmes funcionaram, embora tenha reconhecido que “existiam falhas de segurança”. Ela procurou manter os detalhes ao mínimo, alegando que as investigações ainda estão em andamento.

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A área de cultura já estava fragilizada. Em junho, o Louvre fechou as portas devido a uma greve dos funcionários — incluindo agentes de segurança — em protesto contra problemas que vão de superlotação a equipes pequenas demais, trabalhando em condições “insustentáveis”. Os sindicatos alegam que o turismo de massa e gargalos causados ​​por obras de renovação criam pontos cegos, uma vulnerabilidade evidenciada pelos ladrões de joias.

Enquanto isso, especialistas temem que as peças roubadas já possam ter sido desmontadas, as pedras lapidadas novamente para apagar seu passado. Recuperá-las agora seria um pequeno milagre.

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