Como esperado, os resultados do PIB no segundo trimestre de 2025 indicaram crescimento de 0,4%, desacelerando em relação aos do primeiro trimestre (1.4%). Nos últimos doze meses, a expansão foi de 2,2% (2,9% na mesma métrica nos três primeiros meses do ano). A principal explicação para a queda está na saída dos efeitos diretos da produção agrícola mais forte no primeiro trimestre, quando havia crescido 12,2%, mas já é possível afirmar que chegou a influência negativa de taxas de juros mais elevadas.
Os resultados negativos da indústria de transformação foram superiores ao que se estimava, mostrando uma redução de 0,5% quando comparados ao primeiro trimestre, sob influência especial da queda da produção de bens de consumo. Estes, por sua vez, foram impactados pelos efeitos restritivos da política monetária. De fato, o consumo das famílias foi mais sensível ao encarecimento do crédito. Tal desempenho teria sido mais desfavorável não fossem as consequências positivas de um mercado de trabalho aquecido.
Essas duas forças opostas – renda crescendo e crédito caindo – podem determinar um resultado ainda mais desfavorável para a indústria manufatureira nos próximos dois trimestres. De um lado, haveria a influência da perda de sustentação da renda, causada por aumento do desemprego; de outro, a intensificação do impacto da política monetária (taxa Selic mantida em 15% até o fim do ano), acarretando a queda do ritmo do consumo das famílias.
Na construção civil, observou-se a continuidade da queda que já acontecera no primeiro trimestre (- 0,8). No segundo trimestre, o segmento desacelerou novamente, caindo 0,2%. A| razão do desempenho negativo está no efeito da taxa de juros restritiva sobre a produção do setor. O chamado “mercado formiga” deve ter-se reduzido, como mostram indicadores de crédito de construção e reformas de imóveis nos financiamentos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Apesar da desaceleração da indústria de transformação, a indústria como um todo se expandiu 0,5%, em consequência do excelente desempenho da indústria extrativa, que cresceu 8,7% no segundo trimestre, mais que o da expansão observada no primeiro.
A agropecuária desacelerou naturalmente no segundo trimestre, por razão exclusivamente sazonal, qual seja, a conclusão, nos meses de março e abril, da colheita das safras de soja e milho, as mais relevantes.
O setor de Serviços, por sua vez, cresceu 0,6% (0,3% no primeiro trimestre), devido à intensificação da atividade de transportes, o que refletiu, de um lado, o aquecimento do mercado de trabalho e menores pressões inflacionárias, o que favorece as decisões de viagens das famílias e aquece a logística de transporte de passageiros; de outro, o impacto defasado, sobre os modais logísticos, via transporte de cargas recorde de grãos, da safra colhida entre março e abril.
Pelo lado da demanda, o destaque foi a forte queda da formação bruta de capitais, que desacelerou, de uma expansão de 3,1% no primeiro trimestre para uma queda de 2,2% no segundo. Parte desse desempenho tem explicação no aumento da taxa de juros e no seu efeito na compra de máquinas e equipamentos, e na redução do volume de consumo de materiais de construção. Nos últimos doze meses encerrados em junho, o segmento desacelerou de 9,1% para 4,1%. O dado relativo ao primeiro trimestre pode ter sido influenciado pela importação de uma plataforma chinesa de exploração de petróleo.
As importações tiveram forte desaceleração – de um crescimento de 5,9% no primeiro trimestre para uma queda de 2,7% no segundo. A importação da plataforma chinesa pode ser parte da explicação, mas tudo indica que esse desempenho indica especialmente a tendência de continuada queda nas compras externas nos próximos trimestres, em decorrência da desaceleração esperada para a própria economia.