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Petroestados impedem acordo contra a poluição do plástico

A ONU começou a negociar um tratado global juridicamente para combater a poluição plástica em março de 2022, quando a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-5.2) aprovou a criação de um Comitê Intergovernamental de Negociação (INC). A meta era concluir um texto até o final de 2024. Mas até o ano passado, como não tinham chegado a nenhum acordo, mais uma rodada de discussões aconteceu oficialmente neste mês. Ontem, quinta-feira, 14, depois de nove dias de reuniões, o grupo não alcançou nenhum consenso.

Apesar de a maioria das nações terem batido o pé na importância de um acordo significativo, uma parte pequena, mas de grande peso, impediu que medidas mais rígidas e fundamentais avançassem, entre elas, a limitação da produção plástica, regulação de substâncias químicas nocivas e soluções baseadas em reciclagem voluntária. Os principais antagonistas foram Estados Unidos, Arábia Saudita e Kwait, que são países com economias fortemente atreladas ao petróleo e ao gás. Como o plástico é derivado dos combustíveis fósseis, medidas restritivas comprometem os respectivos comércios E essas nações não querem abrir mão de nada, muito menos em nome de um meio ambiente mais saudável e um futuro mais sustentável.

Nesse ponto, a reunião foi decepcionante. “O que vimos em Genebra foi uma esmagadora maioria de países de todos os cantos do mundo expressando disposição e alinhamento para um tratado eficaz para acabar com a poluição por plásticos. Isso dá esperança para o futuro”, disse Efraim Gomez, diretor global de Impacto Político Global do WWF-Brasil.  Mas após quase duas semanas de negociações tensas, o mundo não está mais próximo de chegar a um  um tratado global para acabar com o excesso de polipropileno. “Embora os países tenham se mantido firmes e resistido à pressão para concordar com um tratado fraco e sem sentido, agora cabe aos estados explicar e demonstrar como continuar no caminho do INC pode ser eficaz para enfrentar a urgente crise global da poluição plástica, que causa danos às pessoas e à natureza em todo o mundo.”

Entidades ambientais mostraram também preocupação com a falta de posicionamento claro do Brasil a favor da restrição da poluição plástica, principalmente em um ano que será o anfitrião da COP-30. “Enfrentar esse problema significa confrontar a indústria dos combustíveis fósseis. Como o país pretende presidir negociações climáticas relevantes sem sustentar uma posição firme diante da causa dessa crise?”, questiona Mariana Andrade, coordenadora da Frente de Oceanos do Greenpeace Brasil. Esse posicionamento é bem diferente do que o Brasil precisa ter durante a COP30.

O destino das negociações, no entanto, ainda será discutido na Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA), em fevereiro de 2026, em Nairóbi. Elas podem ser prorrogadas, reformuladas ou até mesmo morrer — algo sem precedentes para um tratado ambiental desse porte. Há pressão de mais de 100 países dispostos a manter o foco em um tratado robusto e juridicamente vinculante para que levem a mudanças reais. Enquanto o jogo de xadrez dos petroestados continua, a cada dia que passa a montanha de lixo plástico aumenta, assim como as consequências ambientais e para a saúde da humanidade.

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Leia:

+https://veja.abril.com.br/mundo/pacto-mundial-contra-poluicao-por-plastico-colapsa-com-fracasso-em-negociacoes-da-onu/

+https://veja.abril.com.br/agenda-verde/brasil-e-criticado-pela-atuacao-na-conferencia-mundial-do-plastico/

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