Primeiro, a boa notícia: Gustavo Petro disse sobre o colega venezuelano: “Eu não apoio Maduro, quero uma solução política e pacífica na Venezuela, mas não apoio uma invasão”. Palmas para ele, praticamente todas as outras pessoas do universo querem a mesma coisa, contanto que a situação Maduro se resolva rapidamente.
Sobre as más notícias: o presidente colombiano está enrolado num flagrante de nada menos do que ligações cabulosas com as “dissidências das Farc”, o eufemismo usado para a guerrilha que não aceitou largar as armas e se incorporar ao processo político, continuando com a extrema violência política e, acima de tudo, o tráfico de cocaína.
A conexão envolve um general, Juan Miguel Huertas Herrera, cujo nome apareceu em documentos apreendidos com a guerrilha/narcotráfico. Não é pouca coisa: o general foi registrado em conversas, emails, fotos e cartas. Os dados foram encontrados em computadores, celulares, discos rígidos e outros dispositivos eletrônicos.
Segundo reportagem investigativa da indômita Notícias Caracol – tem que ter coragem de herói para ser jornalista investigativo na Colômbia -, o general ofereceu “contatos, mobilidade, proteção e criação conjunta de uma empresa de segurança para facilitar operações do grupo armado, aproveitando suas conexões com funcionários do Ministério da Defesa, a inteligência militar e a Direção Nacional de Inteligência”.
RELATÓRIO DA CIA REJEITADO
Detalhe: o general havia sido afastado no governo anterior, mas voltou a ganhar relevância – e influência – quando declarou apoio a Gustavo Petro na eleição de 2022. Sua atuação é praticamente um retrato do poder de corrupção que a droga tem, o efeito mais deletério do tráfico em grandes proporções. País dominado por narcotraficantes é país falido institucionalmente. Os que ainda não chegaram lá deveriam anotar com muita atenção este enorme perigo.
Inevitavelmente, Petro vive cercado de suspeitas: como pode aumentar a produção de cocaína e vicejar o tráfico em altíssima escala, envolvendo até militares de patentes superiores, e não envolvê-lo? No caso que agita o país, surgem agora indícios de apoio logístico e estratégico” da guerrilha à campanha presidencial de Petro. É escandaloso, mas ninguém fica exatamente surpreso.
Detalhe: a CIA havia passado aos interlocutores colombianos um relatório sobre as atividades extracurriculares do general Huertas e de um funcionário do serviço de inteligência, mas Petro declarou que sua “revisão pessoal dos fatos desmentiu a versão dos agentes americanos”, segundo o site Infobae.
Ou seja, foi deliberadamente cúmplice na ocultação de revelações importantes sobre contatos entre um general e líderes guerrilheiros na ativa – ao contrário de Petro, que desistiu da luta armada e entrou para a política.
Dá para acreditar?
GUCCI OU GUAYABERA?
Na semana passada, Petro divulgou o movimento de todas as suas contas bancárias para mostrar que tem dinheiro legítimo, mas houve um efeito colateral. O político de esquerda que chegou a pegar em armas, como militante do M-19, tinha gastos com grifes de luxo como Prada, Gucci e Ralph Lauren, além de grandes lojas de departamentos da Itália e da Espanha como La Rinascente, El Corte Inglés e Casa dei Tessuti. Também passou por um clube de striptease em Portugal, onde gastou modestos 40 euros.
“Aí, me pegaram, mais tarde explicarei”, admitiu. Sobre as marcas de luxo, disse: “Não comprei para mim porque não uso essas roupas”.
É fato que Petro fica muito melhor de guayabera do que de Gucci. Mas tem mulher, filha morando em Paris e outras agregadas. Também é vaidoso a ponto de ter feito um implante de cabelo e já foi fotografado usando um relógio de ouro rosê da marca IWC. Ah, a hipocrisia…
Todo mundo já sabe que o presidente da Colômbia é totalmente descompensado. Tocado por substâncias aditivas ou em estado natural, fala maluquices. Já disse que o petróleo é pior do que a cocaína, incentivando o estereótipo do colombiano ligado a drogas, tão prejudicial e injusto com a grande maioria da população do país.
MACACÃO LARANJA
O mais recente destempero dele foi dirigido contra Marco Rubio – também o alvo predileto de Nicolás Maduro. Atacando o secretário de Estado, eles evitam peitar Donald Trump diretamente. Também parecem se revoltar com o fato de que Rubio é filho de cubanos e, na mente distorcida de quem pensa estas bobagens preconceituosas, não poderia ser de direita.
Disparou Petro na semana passada: “Tenho que dizer ao senhor Marco Rubio, ‘se vai me colocar preso, vamos ver se pode’. Se quer me colocar o, como se diz?, macacão laranja, tente. Esse povo não se ajoelha”.
“Porque aqui há uma onça a ponto de despertar. Não nos ameace, não nos engane, que conhecemos as jogadas”.
É esse o nível do presidente e só vai piorar, considerando-se que Donald Trump está apertando o laço na Venezuela, deixando o país praticamente sem voos internacionais, depois do aviso de que a segurança aérea no país não poderia ser garantida. “Fontes”americanas disseram que vai começar uma nova fase das operações desencadeadas com o envio de uma grande força naval ao Caribe e a classificação dos narcotraficantes como terroristas. Faz parte da pressão psicológica, destinada a resolver o embate pela pressão externa, talvez até numa conversa entre Trump e Maduro, e evitar que “alguém entre lá e dê um tiro nele ou o capture, pelo menos por enquanto”, nas palavras de uma fonte ao site Axios.
A águia vai fumar?