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Pesquisa mostra que concluir a EJA aumenta formalização no trabalho e renda dos jovens

Uma pesquisa inédita do Itaú Educação e Trabalho (IET) e da Fundação Roberto Marinho revela que concluir a Educação de Jovens e Adultos (EJA) aumenta as chances de inserção formal no mercado de trabalho e melhora a renda. Entre jovens de 19 a 29 anos, o impacto chega a 7 pontos percentuais na formalização do emprego e 4,5% na renda. Para os mais jovens, de 19 a 24 anos, os ganhos são ainda maiores: 9,6 pontos percentuais na formalização e 7,5% de aumento salarial.

O levantamento foi feito com base em microdados da PNAD Contínua (2014-2022), acompanhando indivíduos ao longo de um ano. Os pesquisadores destacam que os efeitos aparecem em curto prazo, mas tendem a se consolidar em períodos mais longos. A certificação obtida pela EJA representa, sobretudo para quem vive em vulnerabilidade, a possibilidade de deixar a informalidade, acessar direitos trabalhistas e construir uma trajetória profissional mais estável.

Apesar disso, a oferta de EJA no Brasil está em queda. Em 2024, foram registradas apenas 2,4 milhões de matrículas, quase metade do que havia em 2008. Além disso, mais de mil municípios não oferecem turmas da modalidade. A integração com a Educação Profissional e Tecnológica (EJA-EPT), prevista no Plano Nacional de Educação, segue distante da meta: apenas 5,9% das matrículas estão nessa modalidade, frente aos 25% estipulados.

“O principal objetivo da pesquisa é trazer luz para uma parcela da população que não terminou a educação básica. São 66 milhões de brasileiros que não tiveram acesso a um direito constitucional. É importante a gente olhar o perfil dessas pessoas, para a partir disso formular políticas públicas com um desenho mais adequado às necessidades dessa população”, explica Diogo Jamra, gerente de articulação do Itaú Educação e Trabalho. 

De acordo com o estudo, jovens de 15 a 20 anos tendem a evadir mais do ensino regular do que migrar para a EJA, especialmente homens, negros, trabalhadores, moradores de áreas rurais e de baixa renda. Entre os jovens de 21 a 29 anos fora da escola, mulheres e desempregados têm mais chances de voltar a estudar. Já para os matriculados na EJA, a evasão é maior entre quem trabalha mais de 20 horas por semana, tem filhos ou vive em áreas rurais.

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Outro ponto analisado foi o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). As inscrições caíram de 1,6 milhão em 2022 para 900 mil em 2024, e a abstenção segue alta — 58% em 2023. Apesar da predominância de jovens, mulheres (56%) e pessoas negras (64%) entre os inscritos, a aprovação foi de apenas 46%. Homens tiveram melhor desempenho, especialmente em matemática, representando 54% dos aprovados.

“Durante um ano, a pesquisa conseguiu acompanhar a trajetória dessas pessoas que concluíram a EJA articulada à Educação Profissional e Tecnológica, e concluiu que houve um aumento muito significativo no orçamento dessas famílias. Faz muita diferença, além do aumento da probabilidade de conseguirem um emprego formal. Isso ilustra a necessidade da EJA estar melhor articulada com o conjunto de políticas públicas no Brasil, para a gente ter uma política educacional mais sistêmica”, conclui Jamra.

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