Enquanto a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro intensifica a ofensiva da direita no Congresso pela anistia, o tema continua sem consenso entre o eleitorado brasileiro. É o que indica uma pesquisa publicada nesta segunda-feira, 9, pelo Instituto Ideia e pela Oficina Consultoria, realizado na semana em que o STF sentenciou oito réus à prisão pela trama golpista.
Segundo o levantamento, 34,2% dos entrevistados se dizem contrários à anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, enquanto 30,7% são favoráveis e 35,1% declaram não ter opinião formada sobre o assunto. Na prática, a cada três brasileiros, um rejeita o perdão político aos envolvidos no plano golpista, outro defende e um terceiro não tem certeza.
Para os entrevistados contrários à pauta da anista, a ideia “enfraquece as instituições e a democracia” e gera impunidade. Já os defensores argumentam que a medida seria necessária para “pacificar o país e permitir a reconciliação”.
Maioria teme aumento da polarização após julgamento, diz pesquisa
Para 38,2% dos entrevistados, o julgamento que condenou Jair Bolsonaro e sete réus, com penas superando 27 anos de prisão, tende a piorar o quadro de polarização política no país. Outros 20,5% responderam que o processo altera pouco a situação atual, ao passo que 15,6% acreditam que a divisão extrema entre os lados deve diminuir. “Quase 40% acreditam que a polarização vai aumentar. O dado mostra que, para boa parte da sociedade, a decisão do STF não cicatriza feridas, apenas as mantém abertas”, avalia Cila Schulman, CEO do Instituto Ideia.
Questionados sobre os impactos econômicos da condenação, porém, apenas 11,1% dos participantes da pesquisa citaram o julgamento pelo STF como risco — para a maioria (58,4%), a maior ameaça atual à economia brasileira vem do tarifaço e outras sanções impostas pelos Estados Unidos.
O Instituto Ideia entrevistou 1.543 pessoas de 18 anos de idade ou mais, em 563 municípios de todas as regiões do país, no dia 9 de setembro de 2025. O grau de confiança é de 95% e a margem de erro é estimada em 2,5 pontos percentuais (pp) para mais ou para menos.