Parlamentares britânicos apresentaram nesta terça-feira, 21, uma moção para remover os títulos reais do príncipe Andrew, do Reino Unido, após anos de polêmica sobre seu relacionamento com Jeffrey Epstein, bilionário acusado de tráfico sexual de adolescentes. Embora nunca tenha admitido qualquer culpa, o príncipe fechou um acordo com a mais conhecida vítima de Epstein, Virginia Giuffre, que acusava o nobre de tê-la agredido sexualmente em 2001.
“Se os partidos de Westminster continuarem lentos em agir, o Partido Nacional Escocês fará tudo que puder para pressionar o governo a apresentar a legislação imediatamente”, afirmou Stephen Flynn, líder do partido. Apenas o Parlamento tem poder de remover títulos reais, e, mesmo simbólicas, as moções são uma das poucas vias para questionar a conduta de membros da realeza.
Rachael Maskell, deputada trabalhista por York Central, disse anteriormente que esperava obter apoio para um projeto de lei que desse ao rei ou a um comitê parlamentar o poder de remover formalmente os títulos de Andrew.
A medida ocorre após Andrew anunciar, na última sexta-feira, 17, a renúncia ao uso de seus títulos reais, incluindo o de Duque de York, após discussões com o rei Charles III.
“Em discussão com o rei e minha família imediata e mais ampla, concluímos que as acusações contínuas sobre mim distraem do trabalho de Sua Majestade e da Família Real”, declarou o irmão mais novo de Charles III. “Não usarei mais meu título ou as honras que me foram conferidas. Como eu disse anteriormente, nego vigorosamente as acusações contra mim”.
Terceiro filho da falecida rainha Elizabeth II, Andrew, de 65 anos, já havia renunciado a funções reais em 2019, após a exposição de sua relação com Epstein. A amizade entre os dois gerou grande repercussão na mídia internacional, incluindo questionamentos sobre quando o príncipe teria cortado relações com o predador sexual. Em entrevista à emissora britânica BBC, o príncipe afirmou ter encerrado a amizade com o notório criminoso em 2010, embora e-mails revelados posteriormente apontem que ambos continuaram em contato próximo.
O governo britânico enfrenta agora pressão para agir sobre a residência do príncipe no Royal Lodge, em Windsor. Documentos divulgados sob leis de liberdade de informação mostram que, embora Andrew tenha pago 1 milhão de libras pelo arrendamento e 7,5 milhões em reformas, ele quase não pagou aluguel desde 2003. Embora o Palácio de Buckingham tenha realizado esforços para retirá-lo à força do local, um acordo de arrendamento com validade até 2078 permitiu que o príncipe mantenha sua residência atual.
Embora Andrew tenha renunciado ao ducado de York, ele manterá o título de príncipe, que não pode ser retirado por ser filho da rainha. As filhas do príncipe, as princesas Beatriz e Eugênia, continuarão com seus títulos. A decisão não altera sua permanência no Royal Lodge, onde seguirá morando sob o contrato de arrendamento vigente.