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Para exportadores, lista de exceções ao tarifaço de Trump não é uma vitória de Lula

O setor privado comemora com moderação a longa lista de exceções que acompanha a ordem executiva confirmando a sobretaxa de 50% aplicada às importações oriundas do Brasil e assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 30. Na avaliação de representantes do empresariado, as exceções abertas pelo americanos estão longe de representar uma vitória do governo Lula. “O que prevaleceu foi a necessidade de proteger a indústria e os consumidores americanos”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, que congrega os exportadores de suco de laranja. “É preciso que isso fique bem claro.”

O setor que Netto representa é um dos melhores exemplos. Mais da metade do suco consumido nos Estados Unidos provém do Brasil e os próprios importadores americanos pressionaram Trump. Em meados de julho, duas empresas de um mesmo grupo de alimentação de Nova Jersey, a Johanna Foods e a Johanna Beverage, chegaram a ingressar com uma ação judicial questionando a autoridade do republicano de impor sanções ao Brasil com base na lei de emergência econômica –evocada por ele como base legal para o tarifaço -, pois o presidente teria fracassado em apontar as ameaças concretas que o país representa ao seu. “Ao penalizar os produtores brasileiros, Trump prejudicaria também os Estados Unidos”, diz Netto.

No total, 694 itens escaparão da sobretaxa de 50% que as importações provenientes do Brasil pagarão para entrar no mercado americano a partir de 6 de agosto. Segundo a Amcham, associação que promove o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, a relação contempla mercadorias que somaram no ano passado 18,4 bilhões de dólares em vendas para os americanos, o equivalente a 43% do total. Aviões, produtos siderúrgicos, suco de laranja e petróleo estão entre as exceções mais importantes. “Esperávamos muito poucas isenções”, diz José Augusto de Castro, presidente da AEB, associação que reúne as empresas exportadoras. “Mas as exceções concedidas pela Casa Branca superaram todas as nossas expectativas.”

Embora seja uma boa notícia, a lista de exceções deixa de fora importantes setores. É o caso do café, que nutria a expectativa de ser contemplado após o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, declarar que produtos não cultivados em seu país poderiam ter a tarifa de importação zerada. Os americanos importam cerca de 90% do café que consomem, sendo o Brasil seu principal fornecedor, com 30% do mercado. Como a produção mundial do grão é muito próxima da demanda, há pouca margem de manobra.

“Os clientes americanos simplesmente não podem abrir mão do café brasileiro”, afirma Márcio Ferreira, presidente da Cecafé, que representa os exportadores. “Além disso, os torrefadores não conseguirão mudar sua linha de produtos rapidamente.” Por isso, o setor ainda tem a esperança de que será contemplado em algum momento. Caso isso não aconteça, a estratégia será buscar novos mercados.

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