Dias após indicar que o colégio de líderes apontava para uma maioria a favor da apreciação do PL da Anistia, o presidente da Câmara, Hugo Motta, voltou a colocar a proposta na vala da indefinição ao afirmar que não há previsão nem de votação, nem de definição de quem relatará a medida no plenário da Casa.
Segundo interlocutores do paraibano, o objetivo é blindar Tarcísio de Freitas, seu correligionário e potencial candidato à presidência da República em 2026, de ter sua imagem ainda mais arranhada frente à opinião pública.
Tanto ministros do STF como líderes do Centrão receberam com perplexidade a atuação do governador de São Paulo no protesto em apoio a Jair Bolsonaro no último fim de semana.
Na ocasião, Tarcísio fez uma ampla defesa do PL da Anistia – o que não surpreendeu a ninguém, já que ele encabeçou as articulações para que a medida ganhasse corpo nas últimas semanas – e subiu o tom contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O governador paulista disse que “ninguém aguenta mais a tirania” do relator da ação penal da trama golpista.
A declaração, com nome e sobrenome, irritou ministros da Corte, que responderam publicamente e nos bastidores, e preocupou lideranças do Centrão, que são entusiastas da postulação do político do Republicanos.
Desde então, interlocutores tem tentado, sem sucesso até o momento, dar o pontapé inicial para reconstruir as pontes de diálogo entre Tarcísio e magistrados que teriam sido abaladas pelas declarações recentes.
Ainda nessa esteira, Motta teria decidido colocar o PL da Anistia “em banho maria” para que o governador tenha tempo de se remontar após ter escalado nas críticas para atender ao clã bolsonarista.