Chuvas intensas e inundações acima da média para esta época do ano no Paquistão provocaram em apenas 48 horas 344 mortes. O número foi divulgado no sábado, 16, por autoridades locais, após dois dias de temporais. No norte do país, equipes de resgate e mais de dois mil soldados buscavam ontem corpos soterrados e sob escombros. Há ainda muitas pessoas desaparecidas. A tragédia é a maior já vista nos últimos anos durante a temporada de monções no Sudeste Asiático. O local mais atingido é a província montanhosa Khyber-Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão.A maior parte das vítimas morreu ao ser arrastada por enchentes repentinas, após desabamentos de casas e deslizamentos de terra e por causa de raios. Através de fundos de emergência, foram montadas forças-tarefa para resgate e desbloqueio de estradas. A previsão é de que as fortes chuvas continuem até a próxima quinta.
Mudanças climáticas
Em Khyber-Pakhtunkhwa, equipes ainda tentavam ontem chegar a vilarejos em áreas de difícil acesso. Na região da Caxemira administrada pela Índia, pelo menos 60 pessoas morreram numa vila no Himalaia, e há mais de 80 desaparecidas. Popular entre alpinistas, a região turística de Gilgit-Baltistan, no extremo norte do Paquistão, registrou ao menos cinco óbitos. Na sexta, um helicóptero com uma equipe de resgate caiu, fazendo cinco vítimas fatais.
A infraestrutura precária vista em partes do país, um dos mais vulneráveis diante das mudanças climáticas, teria aumentado a tragédia, conforme avalia Syed Muhamad Tayab Shah, da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres. E os alertas de cientistas apontam para a ocorrência mais frequente de eventos extremos. Só na província de Punjab, onde vive quase metade da população pasquitanesa, de 255 milhões, houve um aumento de 73% no volume de chuvas em julho na comparação com o ano anterior.
