O papa Leão XIV se reuniu nesta quinta-feira, 6, pela primeira vez com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, para marcar o 10º aniversário do Acordo Global entre a Santa Sé e o Estado da Palestina. Em conversa de mais de uma hora, o pontífice apelou pelo aumento do fluxo de ajuda humanitária a Gaza e pelo fim concreto da guerra entre Israel e Hamas — os dois lados concordaram com um acordo de cessar-fogo em outubro, mas trocam acusações de violações dos termos desde então.
“Durante as cordiais conversas, reconheceu-se a necessidade urgente de prestar assistência à população civil em Gaza e de pôr fim ao conflito através da busca de uma solução de dois Estados”, afirmou a Santa Sé.
Abbas chegou a Roma na tarde de quarta-feira, 5, ee visitou a Basílica de Santa Maria Maior para prestar homenagens ao túmulo do papa Francisco, que faleceu em abril. O líder palestino e Francisco mantinham relação próxima, incluindo telefonemas frequentes após o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
+ Vaticano diz que só Jesus é capaz de salvar e rejeita que Virgem Maria seja ‘corredentora’
Alertas de Leão
Em setembro, Leão e seus principais diplomatas disseram ao presidente de Israel, Isaac Herzog, que a solução de dois Estados — que prevê a criação e coexistência do Estado da Palestina e de Israel — a “única saída para a guerra”. Um mês antes, o pontífice pediu o fim da “punição coletiva” à população civil de Gaza. Durante audiência no Vaticano, diante de milhares de fiéis, ele urgiu por um cessar-fogo imediato, a abertura segura de corredores humanitários e o respeito integral ao direito internacional.
“Imploro que se alcance um cessar-fogo permanente, que se facilite a entrada de ajuda e que o direito humanitário seja plenamente respeitado. O uso indiscriminado da força, os deslocamentos forçados e as punições coletivas são proibidos pelo direito internacional”, afirmou Leão, sendo interrompido por aplausos duas vezes, na época.
Apesar da fala contundente, Leão não citou Israel nem o grupo militante palestino Hamas nominalmente. Ele, contudo, destacou que o direito internacional impõe a obrigação de proteger civis e proíbe punições coletivas, uso indiscriminado da força e deslocamentos forçados. O primeiro papa dos EUA se mostra mais cauteloso sobre o conflito em comparação a Francisco, que chegou a questionar se a campanha militar israelense em Gaza poderia ser considerada genocídio.