Acusado de homicídio de segundo grau e negligência agravada pela morte da filha, de 2 anos, deixada no carro trancada, o americano Christopher Scholtes, de 37 anos, vai a julgamento no próximo dia 27 de outubro. A tragédia ocorreu em julho do ano passado. A menina estava dentro do automóvel, estacionado debaixo de sol forte, em Tucson, no Arizona, com o ar-condicionado ligado, mas a refrigeração desligou automaticamente, depois de um tempo. A temperatura dentro do veículo chegou a 42°C, o que ocasionou a morte da menina.
Na última-terça, 14, fracassou a segunda tentativa de pedido de confissão (plea deal), um acordo com a promotoria, em que o acusado admite a culpa ou parte dela. Quando o réu aceita, em contrapartida, ganha benefícios, como redução de pena e retirada de acusações mais graves. Mas Scholtes não optou pelo acordo e agora o caso segue os trâmites convencionais, que o levam à presença de um júri. A promotoria afirma que o pai da menina, deixou a criança no carro para jogar vídeo-game e beber, e perdeu “a noção do tempo”.
Outras evidências — como alertas anteriores e comportamento negligente — ainda poderão ser apresentadas no tribunal, para compor o quadro de acusações, que sustentam a tese de homicídio doloso. Investigações divulgadas em setembro revelaram que o Departamento de Proteção Infantil do Arizona havia aberto nove investigações anteriores contra Scholtes, envolvendo alegações de abuso físico, emocional e descaso com outros filhos, todas encerradas sem provas conclusivas. Negligência é um guarda-chuva para comportamentos que vão da irresponsabilidade à violência. O histórico do acusado não ajuda a defesa e reforça o debate público sobre falhas na fiscalização de casos reincidentes de risco infantil. Agora, com a data do julgamento definida, o caso virou símbolo nacional da negligência parental e da urgência por políticas mais eficazes de proteção à infância nos Estados Unidos.
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