Nesta segunda-feira, 11, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice, Geraldo Alckmin, que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ajustam os últimos detalhes de um pacote de contingência que deve ser lançado em até 48 horas. O objetivo não é um contra-ataque frontal, mas um escudo contra o golpe desferido pelo presidente americano, Donald Trump, ao impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros.
O plano se apoia em três frentes. A primeira se trata de linhas de crédito emergenciais para dar liquidez a exportadores e empresas indiretamente afetadas pela sobretaxa, com apoio do BNDES e de bancos públicos.
A segunda contempla o adiamento por até dois meses da cobrança de tributos e contribuições federais, medida já utilizada durante a pandemia de Covid-19 para aliviar o fluxo de caixa das companhias.
A terceira frente envolve compras governamentais sem licitação de produtos perecíveis encalhados, como peixes e frutas, que poderão ser redirecionados a programas sociais.
“A indústria é mais difícil de reposicionar. Commodity, você encontra outro comprador. Máquina e motor, não”, reconheceu Alckmin, revelando preocupação especial com setores de maior complexidade produtiva.
O pacote busca ganhar tempo para que empresas encontrem novos mercados e preservem empregos, enquanto o país decide como reagir à onda protecionista vinda de Washington. Para um país que tem nos Estados Unidos seu segundo maior mercado externo, a súbita escalada de barreiras comerciais é um teste de resiliência.
No curto prazo, o objetivo é evitar um colapso. No longo, o desafio será aprender a navegar num cenário global em que tarifas se erguem mais rápido do que pontes comerciais.