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Os traficantes da Venezuela caçados pelos EUA e que podem estar no Brasil

Organização criminosa que mais se expandiu nos últimos anos na América do Sul, o grupo Tren de Aragua, nascido em 2014 dentro de uma prisão da Venezuela, atua em diversos países do continente e tem expandido os seus tentáculos também no Brasil. A ousadia do bando criminoso chamou atenção até mesmo do presidente dos EUA, Donald Trump, cujo governo classificou o grupo como “narcoterrorista”. Nesta semana, uma embarcação com drogas que seguia para a América do Norte — e que supostamente pertencia à facção — foi bombardeada pelos militares americanos, em ataque que deixou onde mortos.

O Tren de Aragua atua com tráfico de drogas, extorsão, prostituição e contrabando de pessoas (coiotes, comuns na América Central). No Brasil, segundo autoridades públicas, o grupo tem parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A atuação da organização criminosa ocorre, até o momento, em Roraima, Amazonas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre lavagem de dinheiro, tráfico e prostituição, a organização criminosa tenta permanecer próxima de fronteiras do Brasil com os países de língua espanhola, o que facilita o trâmite de novas ações criminosas. Eles seguem a rota da migração feita por milhares de venezuelanos atingidos pela crise humanitária diante da ditadura de Nicolas Maduro

A preocupação americana com o crescimento do grupo é tamanha que a administração Trump oferece até 12 milhões de dólares (65 milhões de reais na cotação atual) por informações dos líderes do grupo. Alguns deles podem estar no Brasil. Reportagem de VEJA desta semana mostra como o país tem sido cada vez mais campo de atuação de grupos criminosos de outros países.

O número um

A principal liderança da facção venezuelana, segundo dados do governo dos EUA, é Hector Rusthenford Guerrero Flores, conhecido como Niño Guerrero, 41 anos, que já está no radar das policiais não apenas venezuelanas, mas também da Colômbia, Equador, Chile, Peru, Brasil e EUA.  Ele foi condenado por homicídios, tráfico e contrabando. “Niño Guerrero está envolvido em atividades criminosas há mais de duas décadas e transformou o Tren de Aragua de uma gangue prisional envolvida em extorsão e suborno em uma organização com crescente influência em todo o Hemisfério Ocidental”, cita o Departamento de Tesouro dos EUA, que oferece 5 milhões de dólares (27 milhões de reais na cotação atual) por informações sobre Guerrero. 

Guerrero: Líder máximo do Tren de Aragua
Guerrero: chefe do Tren de AraguaDepartamento de Tesouro dos EUA/Reprodução
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Em 2023, policiais da Venezuela invadiram o presídio de Tocorón, a menos de 150 quilômetros da capital Caracas, na tentativa de desarticular o Tren de Aragua, o que não aconteceu. Na ocasião, as autoridades citaram que Guerrero fugiu por um túnel e teria sido avisado por agentes corruptos da ação policial na cadeia. Desde então, ele é considerado foragido e já foi citado até que poderia estar nos EUA, mas também pode ter se escondido no Brasil, diante da praticamente inexistente fiscalização da fronteira no Norte do país.

É possível (que ele esteja no Brasil), já que toda a entrada da fronteira da Venezuela é meramente declaratória. Então, o venezuelano entra e não precisa nem apresentar documentos. Eles não precisam nem dizer nome nenhum na fronteira. Eles podem entrar pela fronteira sem sequer passar pelo controle migratório, porque como nós temos uma fronteira seca com a Venezuela, se eles andam mil metros na lateral, eles vão conseguir adentrar no território nacional sem qualquer tipo de fiscalização”, disse o delegado de Repressão às Organizações Criminosas de Roraima, Wesley Costa de Oliveira, em entrevista a VEJA. 

Os braços de Guerrero

Ainda segundo informações do governo dos EUA, um dos aliados mais próximos de Niño Guerrero é Yohan José Romero, conhecido como Johan Petrica, 47 anos. “É responsável pelos esforços ilegais de mineração do grupo na Venezuela. Além disso, Johan Petrica fornece ao Tren de Aragua armas de nível militar usadas para controlar as ruas da Venezuela e combater a guerrilha colombiana”, informou o Departamento de Tesouro americano. 

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Petrica: na cúpula da organização
Petrica: na cúpula da organizaçãoDepartamento de Tesouro dos EUA/Reprodução

Em 2015, por exemplo, Petrica foi visto em Las Claritas, cidade conhecida pela mineração de ouro nas fronteiras venezuelanas com Brasil e Guiana. “As minas perto de Las Claritas contêm as maiores jazidas de ouro da Venezuela e a quarta maior do mundo. Em pouco tempo, Petrica ganhou o controle total da área para Tren de Aragua”, diz o governo americano. Por informações sobre ele, os EUA oferecem 4 milhões de dólares (21 milhões de reais). 

Em julho deste ano, o governo americano sancionou cinco pessoas — entre elas Guerrero e Petrica —  ligados ao topo do comando do Tren de Aragua. Segundo o Departamento do Tesouro, “todos os bens e interesses em bens das pessoas designadas descritas que estejam nos Estados Unidos, ou em posse ou controle de cidadãos norte-americanos, estão bloqueados. Além disso, quaisquer entidades que sejam de propriedade, direta ou indiretamente, individual ou coletivamente, em 50% ou mais, de uma ou mais pessoas bloqueadas também estão bloqueadas”. A movimentação é uma tentativa de sufocar a presença dos criminosos em solo americano. 

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Entre os mais procurados do FBI 

Um terceiro criminoso do Tren de Aragua que está entre os nomes da cúpula da organização criminosa é Giovanni Vicente Mosquera Serrano, 37 anos. Ele entrou na lista dos 10 mais procurados do FBI em julho deste ano por ser  “procurado por inúmeras acusações federais”, divulgou a polícia americana.

Giovanni Vicente: na mira do FBI
Giovanni Vicente: na mira do FBIFBI/Reprodução

O FBI classifica o Tren de Aragua como uma violenta gangue transnacional e organização terrorista estrangeira designada que se originou na Venezuela e agora opera em toda a América Latina e nos Estados Unidos. “Tren de Aragua é supostamente responsável pelo envio de membros de gangues para os EUA que se envolvem em tráfico de drogas, tráfico de pessoas, tráfico de armas e crimes violentos. Mosquera Serrano deve ser considerado armado e perigoso. 

“A liderança de Giovanni Vicente Mosquera Serrano alimenta uma organização que prospera com assassinatos brutais, prostituição forçada, sequestros e a destruição de vidas em todos os continentes” disse Douglas Williams, agente especial do FBI Houston, Texas. “O anúncio deixa claro: Nenhuma fronteira o protegerá da Justiça. Com a ajuda do público, erradicaremos o Tren de Aragua e encerraremos sua campanha transnacional de terror e crime.” Por informações que possam levar autoridades públicas ao criminoso, o governo americano oferece até 3 milhões de dólares (16,3 milhões de reais).

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