A Bori, em parceria com a base internacional Overton, divulgou nesta quinta-feira, 6, um levantamento que aponta os 107 pesquisadores do Brasil que mais influenciaram decisões mundo afora. São especialistas cujas pesquisas aparecem em relatórios técnicos, guias, pareceres e documentos estratégicos usados por governos e organismos internacionais para orientar políticas públicas.
A lista reúne nomes de várias áreas — da economia ao meio ambiente, passando por energia e uso da terra. Mesmo assim, quem domina o ranking é a saúde: 55 pesquisadores atuam em temas que vão de doenças infecciosas e nutrição à saúde materno-infantil, terapia intensiva e saúde mental.
De acordo com o levantamento, o trabalho dos 107 pesquisadores embasou mais de 33,5 mil documentos estratégicos desde 2019. A Universidade de São Paulo (USP) concentra um quarto dos nomes (22), e os cinco brasileiros mais influentes são ligados à UFPel e à própria USP.
No topo está o professor emérito da UFPel Cesar Victora, referência global em saúde materno-infantil. Ele tem 231 estudos citados em 3.109 documentos, principalmente sobre aleitamento materno. Suas pesquisas ajudaram a moldar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança e serviram de base para um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre desenvolvimento infantil, que acabou influenciando quase duas centenas de documentos em 21 países.
Na sequência aparecem nomes como Carlos Monteiro (USP), referência mundial em alimentação e nutrição, criador da classificação NOVA e responsável por popularizar o conceito de “ultraprocessados”; Aluísio Barros (UFPel), epidemiologista com forte atuação em políticas de saúde materno-infantil e avaliação de programas sociais; Paulo Saldiva (USP), pioneiro na pesquisa sobre poluição do ar e saúde urbana; e Pedro Hallal (UFPel), epidemiologista que liderou os principais inquéritos de prevalência da Covid-19 no Brasil e contribuiu para políticas de promoção da atividade física.
O levantamento também destaca a desigualdade de gênero na pesquisa científica. Entre os 107 nomes mais influentes, apenas 22 são mulheres (20,5%). Entre elas estão Ester Sabino (USP), imunologista referência no estudo de vírus emergentes e peça-chave na resposta à pandemia de Covid-19; Maria Laura Louzada (Nupens/USP), que, ao lado de Monteiro, investiga os efeitos dos ultraprocessados sobre a saúde; e Ludhmilla Hajjar (USP), cardiologista, intensivista e peça-chave na pesquisa e tratamento de pacientes com covid-19.
Alimentação e nutrição
São 16 pesquisadores que têm se dedicado a mostrar como a comida que chega ao prato é também um tema de saúde pública e de formulação de políticas. Esse grupo influencia debates sobre rotulagem de alimentos, regulação de ultraprocessados, programas de alimentação escolar e estratégias para combater a obesidade e outras doenças que podem estar associadas à dieta.
- Cesar G. Victora (UFPel) — 231 artigos e 3.109 documentos de tomadas de decisão
- Carlos A. Monteiro (USP) — 142 artigos e 890 documentos
- Patrícia Constante Jaime (USP) — 30 artigos e 255 documentos
- Maria Laura da Costa Louzada (USP) — 43 artigos e 277 documentos
- Renata Bertazzi Levy (USP) — 85 artigos e 405 documentos
- Geoffrey Cannon (USP) — 17 artigos e 346 documentos
- Jean-Claude Moubarac (USP) — 18 artigos e 274 documentos
- Fernanda Rauber (USP) — 42 artigos e 202 documentos
- Neha Khandpur (USP) — 31 artigos e 192 documentos
- Christopher Millett (USP) — 18 artigos e 176 documentos
- Paulo A. Lotufo (USP) — 45 artigos e 293 documentos
- Deborah Carvalho Malta (UFMG) — 46 artigos e 302 documentos
- Maria Laura Louzada (USP) — 43 artigos e 277 documentos
- Renata Levy (USP) — 85 artigos e 405 documentos
- Geoffrey Cannon (USP) — 17 artigos e 346 documentos
- Patrícia Constante Jaime (USP) — 30 artigos e 255 documentos
Doenças infecciosas e vacinas
São 22 pesquisadores que se tornaram peças-chave no entendimento e enfrentamento de epidemias e emergências sanitárias no Brasil e no mundo. Esse grupo ajudou a moldar políticas públicas em resposta a surtos como zika, dengue e Covid-19, além de influenciar decisões sobre o Programa Nacional de Imunizações. Suas pesquisas vão de ensaios clínicos e desenvolvimento de vacinas até estudos epidemiológicos que revelam padrões de transmissão e eficácia das campanhas de imunização.
- Álvaro Avezum (Instituto Dante Pazzanese / Hospital Oswaldo Cruz) — 96 artigos citados e 567 documentos de tomadas de decisão
- Beatriz Grinsztejn (Fiocruz) — 116 artigos e 381 documentos
- Valdiléa G. Veloso (Fiocruz) — 51 artigos e 227 documentos
- Júlio Croda (Fiocruz / UFMS) — 39 artigos e 211 documentos
- Maurício L. Nogueira (Famerp) — 22 artigos e 212 documentos
- Albert I. Ko (Fiocruz) — 41 artigos e 167 documentos
- Felipe G. Naveca (Fiocruz) — 20 artigos e 205 documentos
- Marcus Lacerda (Fundação de Medicina Tropical) — 57 artigos e 218 documentos
- Wuelton M. Monteiro (Universidade do Estado do Amazonas / Fundação de Medicina Tropical) — 35 artigos e 178 documentos
- Éster Sabino (USP) — 37 artigos e 160 documentos
- Thiago Lisboa (Hospital de Clínicas de Porto Alegre) — 12 artigos e 179 documentos
- Maicon Falavigna (Hospital Moinhos de Vento / UFRGS) — 33 artigos e 356 documentos
- Otávio Berwanger (Hospital Israelita Albert Einstein) — 23 artigos e 191 documentos
- Ludhmila A. Hajjar (USP) — 30 artigos e 189 documentos
- Vanderson Sampaio (Universidade do Estado do Amazonas / Fundação de Medicina Tropical) — 22 artigos e 200 documentos
- Giovanny V. de França (UFPel) — 12 artigos e 365 documentos
- Fernando C. Barros (UFPel) — 81 artigos e 357 documentos
- Régis Goulart Rosa (Hospital Moinhos de Vento) — 14 artigos e 170 documentos
- Mauro Schechter (UFRJ) — 24 artigos e 173 documentos
- Felipe B. Schuch (UFSM / UFRGS) — 64 artigos e 219 documentos
- Luis A. Rohde (UFRGS) — 99 artigos e 212 documentos
- João Paulo Souza (USP) — 30 artigos e 208 documentos
Doenças não transmissíveis e serviços
Esse grupo reúne 17 pesquisadores que se tornaram referência quando o assunto são as chamadas doenças crônicas — como câncer, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e respiratórias — e também a organização e avaliação dos serviços de saúde. É uma área que influencia diretamente políticas públicas sobre prevenção, tratamento e gestão de sistemas hospitalares e ambulatoriais.
- Paulo A. Lotufo (USP) — 45 artigos e 293 documentos
- Deborah Carvalho Malta (UFMG) — 46 artigos e 302 documentos
- Christian Kieling (UFRGS) — 38 artigos e 316 documentos
- Waleska T. Caiaffa (UFMG) — 41 artigos e 221 documentos
- Bruce B. Duncan (UFRGS) — 34 artigos e 215 documentos
- Victor Matsudo (CELAFISCS) — 7 artigos e 178 documentos
- Bernardo L. Horta (UFPel) — 63 artigos e 323 documentos
- Gilberto de Castro (USP) — 46 artigos e 162 documentos
- Viviane Cordeiro Veiga (Beneficência Portuguesa de São Paulo) — 15 artigos e 159 documentos
- Paulo S. Boggio (Universidade Presbiteriana Mackenzie) — 34 artigos e 193 documentos
- João Paulo Souza (USP) — 30 artigos e 208 documentos
- Luis A. Rohde (UFRGS) — 99 artigos e 212 documentos
- Fernando C. Barros (UFPel) — 81 artigos e 357 documentos
- Felipe B. Schuch (UFSM / UFRGS) — 64 artigos e 219 documentos
- Ludhmila A. Hajjar (USP) — 30 artigos e 189 documentos
- Otávio Berwanger (Hospital Israelita Albert Einstein) — 23 artigos e 191 documentos
- Régis Goulart Rosa (Hospital Moinhos de Vento) — 14 artigos e 170 documentos