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Os novos escândalos que testam aliados de Lula e de Bolsonaro

A operação autorizada pelo ministro Flávio Dino contra os deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy atinge um ponto sensível da engrenagem bolsonarista no Congresso. Não se trata de figuras periféricas, mas de lideranças centrais do PL, parlamentares com trânsito direto junto à família Bolsonaro e, no caso de Sóstenes, vínculo histórico com Silas Malafaia. São quadros-chave da articulação política da extrema-direita no Legislativo.

A decisão do Supremo descreve um roteiro clássico de corrupção política: uso irregular de cota parlamentar, empresa de fachada, movimentações milionárias incompatíveis com a renda declarada de assessores, pagamentos “por fora” e dinheiro vivo. Para investigadores, a apreensão de valores em espécie não é detalhe, mas um sinal recorrente de ocultação deliberada. O despacho de Dino, amparado em relatório da Polícia Federal e parecer da PGR, confere densidade institucional ao caso e afasta a leitura de pirotecnia.

Do outro lado do tabuleiro, o governo Lula também entra no ano pré-eleitoral com um flanco aberto. O escândalo bilionário da Previdência já produziu desgaste relevante: derrubou um ministro, atingiu o número dois da pasta e alcançou aliados da base governista. A recente citação do nome de Fábio Luís Lula da Silva adiciona um componente politicamente tóxico ao caso, ainda que, até aqui, em estágio preliminar.

É preciso, porém, estabelecer a hierarquia dos fatos. No caso do filho do presidente, há menções em mensagens de investigados e pressão política por aprofundamento das apurações. Não há, até o momento, decisão judicial nem provas materiais comparáveis às reunidas na investigação que mira os deputados do PL. Trata-se de um risco político relevante, sobretudo no horizonte eleitoral, mas ainda um degrau abaixo em termos de robustez probatória.

O quadro que se desenha é desconfortável para ambos os campos. A direita vê atingidos alguns de seus principais operadores no Congresso, alvos de uma investigação pesada e bem documentada. A esquerda, por sua vez, enfrenta um desgaste que pode crescer à medida que a apuração da Previdência avance. Às vésperas de um ano decisivo, direita e esquerda chegam à disputa com vulnerabilidades expostas, ainda que em níveis distintos de gravidade.

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