Pressionado há semanas, o presidente da Câmara, Hugo Motta, desengavetou a urgência do PL da Anistia e, com a iniciativa, buscou dar recados, tirar uma “pauta enxaqueca” do caminho e reduzir danos à imagem do Legislativo.
Aliados do paraibano compartilham o sentimento de que ele viu uma janela de oportunidade nesta semana para se livrar da pressão crescente que vinha sofrendo dos bolsonaristas, que já beiravam o constrangimento.
Ciente de que os apoiadores de Jair Bolsonaro poderiam congelar os trabalhos a qualquer momento, o chefe da Câmara pautou o requerimento para acelerar a tramitação do PL da Anistia e finalmente cumprir o compromisso selado com o PL quando ainda era apenas um candidato ao comando da Mesa Diretora.
A entrega da votação tira um problema de seu caminho e joga para os aliados do ex-presidente a responsabilidade de articular um texto amplo e irrestrito. Assim como o Centrão, Motta é entusiasta de uma versão intermediária, que estabeleça a redução de penas a condenados pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Paralelo a isso, o chefe do Legislativo também quis passar um recado de insatisfação ao PT pela atuação da legenda de Lula na votação da PEC da Blindagem, prioridade do bloco de partidos da qual faz parte.
Apesar de ter entregue 12 votos favoráveis, a sigla de Lula articulou contra a iniciativa, o que irritou lideranças do Centrão. A resposta era necessária e foi pedagógica, avaliou um interlocutor do paraibano.