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Os ganhos do bilionário de tecnologia que agora mais laços mantém com Trump

Os primeiros momentos do novo governo Donald Trump, antes mesmo de a faixa presidencial ser alojada sobre o estufado peito do mandatário, já deixavam claro: os geniozinhos do Vale do Silício, um conjunto de mentes criativas à frente das big techs que fazem girar a economia do planeta, não mais lhe torceriam o nariz, como era de costume. Algo esperado, dado que o poder naturalmente dissolve barreiras, mas mesmo assim causou espanto o lugar de destaque na posse, em 20 de janeiro deste ano, de figurões como Mark Zuckerberg, da Meta, e Jeff Bezos, da Amazon, compondo uma sorridente fotografia cuja imagem contém, claro, altos interesses: sob pressão por maior controle na internet, o que a turma do Vale busca é se beneficiar do pendor antirregulatório de Trump. Elon Musk, o todo-po­deroso da Tesla, foi quem mais tinha até agora se aproximado do ocupante da Casa Branca, onde ganhou inclusive cargo simbólico, até ser defenestrado pela falta de espaço para dois egos tão inflados.

Menos estridente, mas nem um byte menos ambicioso, o integrante do grupo dos bilionários da tecnologia que agora mais laços mantém com o presidente é Larry Ellison, dono da Oracle — uma amizade que caminha de vento em popa sob o embalo de projetos de lado a lado, nos quais um pode dar uma boa mãozinha ao outro. Aos 81 anos, Ellison, que pinta o cabelo de louro e acaba de selar o sexto matrimônio ao lado da noiva meio século mais jovem, é conhecido por se dar mimos como a compra de uma ilha no Havaí, que frequenta a bordo de sua coleção de iates. Ele já figurava no topo dos mais ricos do mundo, mas, após a volta de Trump, disputa com Musk palmo a palmo o pódio, que chegou a ocupar há poucos dias com fortuna de 319 bilhões de dólares, o dobro do que contabilizava antes da posse.

A disparada nos bilhões foi impulsionada pelos contratos recém-firmados com mais de 1 000 organizações do setor público, incluindo aí as vistosas agências federais, que passaram a usar serviços de software e computação em nuvem da Oracle. Também um polpudo acordo com o Departamento de Defesa acaba de ser assinado, vindo a se somar ao protagonismo que a empresa já tem no programa Stargate, joint venture das big techs com a Casa Branca voltada para inteligência artificial, justamente o nicho que está sendo decisivo para a atual boa fase da Oracle. Quando a iniciativa foi lançada, lá estava Ellison, no Salão Oval, muito bem recebido pelo anfitrião. “Larry é uma espécie de CEO de tudo”, derramou-se o presidente na ocasião.

Integrantes do círculo de Trump garantem que o que faz brilhar mesmo seus olhos em relação ao hoje amigão é sua estreia com tudo no ramo das comunicações. Ellison tornou-se relevante acionista da CBS depois de mandar o filho David, CEO da Skydance, arrematar por 8 bilhões de dólares a Paramount, empresa-­mãe da emissora — um acordo ao qual a Comissão Federal de Comunicações, que regula a mídia americana, deu aval a pedido do presidente. Agora, estão na mira a Warner, dona da HBO e do canal de notícias CNN, bem como uma fatia do TikTok, cuja compra da chinesa ByteDance está prevista para se concretizar até sábado 8.

Se tudo ocorrer como planejado, o bilionário Ellison terá em mãos uma poderosa rede social e duas das maiores organizações jornalísticas do país — expansão que Trump não apenas apoia, como celebra. “O governo dá todos os sinais de querer controlar a narrativa dos acontecimentos a seu favor, e nada melhor, nesse contexto, do que ter um aliado como esses na mídia”, afirma Roy Gutterman, especialista em comunicação da Universidade de Syracuse. Como seus colegas de big tech, Ellison, conhecido por atropelar rivais, a exemplo do caso em que contratou investigadores para espionar a concorrente Microsoft, alimenta suas megalomanias — das quais faz parte agora um vultoso investimento para transformar a cidade de Oxford na meca da tecnologia britânica. O Vale do Silício ficou pequeno para ele. E Trump concorda.

Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2025, edição nº 2969

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