counter Os filhos que sabotaram: Carlos, Eduardo e a erosão digital de Bolsonaro – Forsething

Os filhos que sabotaram: Carlos, Eduardo e a erosão digital de Bolsonaro

 

O império digital: Jair Bolsonaro construiu o maior patrimônio político digital da história recente do Brasil. Nenhum outro líder conseguiu transformar as redes sociais em uma ferramenta tão poderosa de mobilização, comunicação direta e criação de comunidade.

Seu crescimento não dependeu de partidos, mídia tradicional ou grandes estruturas: foi resultado da construção de uma narrativa direta, emocional e conectada ao eleitorado. Como analiso em meu livro:

“O algoritmo recompensa quem desperta emoções e constrói uma comunidade narrativa em torno de si. Bolsonaro fez isso como ninguém.” (Brasil Digital, capítulo 2 – “Engajamento como Poder Político”)

Mas esse império digital, construído com tanto esforço, começou a ruir de dentro para fora. Os filhos de Jair Bolsonaro Carlos e Eduardo atuaram em momentos distintos, mas com um mesmo resultado: o desgaste da imagem do maior líder político digital do país.

Carlos Bolsonaro: comportamentos estranhos e o amadorismo digital – Desde os primeiros dias do governo, os comportamentos de Carlos Bolsonaro chamavam atenção. No dia da posse presidencial, em 2019, Carlos roubou a cena ao subir no carro do desfile, colocando-se como segurança do pai. Foi um gesto simbólico, que revelava a centralização do controle e o desejo de estar no comando da narrativa.

Continua após a publicidade

Esse episódio foi apenas o prenúncio do que viria. Carlos assumiu informalmente a frente da comunicação presidencial, mas sem estrutura técnica, planejamento ou equipe profissional.

Estudos da Ativaweb entre 2019 e 2021 identificaram padrões preocupantes:
•Decisões impulsivas, como deixar de seguir líderes políticos e gerar rupturas com aliados.
•Erros estratégicos, que criavam crises desnecessárias e desgastavam a imagem presidencial.
•Uma comunicação reativa, mais pautada por confrontos do que por narrativas propositivas.

Durante a pandemia, o amadorismo de Carlos ficou ainda mais evidente. O que poderia ser uma comunicação institucional coesa se transformou em uma guerra de narrativas, marcada por negacionismo, polarização e improviso. Como destaco em meu livro:

“A ausência de mediação profissional na comunicação política transforma o influenciador em incendiário. O que poderia ser estratégia vira ruído.” (Brasil Digital, capítulo 5 – “A Crise como Estilo de Governo”)

Continua após a publicidade

O resultado: Carlos criou um ambiente de radicalização digital, isolando o governo de segmentos moderados da sociedade e ampliando tensões com outros poderes.

Eduardo Bolsonaro: do sonho da embaixada ao lobby contra o Brasil – Enquanto Carlos atuava na comunicação, Eduardo Bolsonaro tinha outro objetivo. Em 2019, buscou ser nomeado embaixador do Brasil nos Estados Unidos, chegando a justificar sua qualificação dizendo que “fritava bem batata” no país. A tentativa frustrada foi apenas o início da sua estratégia internacional.

Anos depois, entre 2024 e 2025, Eduardo transformou seus contatos nos EUA em uma plataforma de influência política. Mas, em vez de defender os interesses do Brasil, utilizou essa posição para articular lobby contra o próprio país:
•Incentivou tarifaços de 50% sobre produtos brasileiros, estimulando medidas retaliatórias de Donald Trump.
•Atuou para desgastar o STF, buscando sanções internacionais contra autoridades brasileiras.
•Alimentou teorias conspiratórias, transferindo para fora a lógica de conflito que já dominava o ambiente interno.

Como analiso em meu livro: “A diplomacia da indignação substitui os canais institucionais por redes de influência. O resultado é a política externa como espetáculo, e não como estratégia.” (Brasil Digital, capítulo 7 – “Guerra de Narrativas em Escala Global”)

Continua após a publicidade

Essa atuação teve consequências graves. Dados da Ativaweb mostram que, nos momentos de maior protagonismo de Eduardo, os índices de menções negativas ao nome “Bolsonaro” dispararam. O impacto foi profundo: além de crises diplomáticas, Eduardo desgastou a reputação do pai no cenário internacional e afetou a percepção da sua liderança dentro do Brasil.

A liderança digital que não se transfere – Apesar de todos os esforços dos filhos, os estudos da Ativaweb comprovam que o crescimento e o engajamento digital de Jair Bolsonaro são únicos e intransferíveis. Nenhum dos filhos conseguiu herdar o mesmo alcance, a mesma audiência ou a mesma capacidade de mobilização.

Hoje, Bolsonaro acumula mais de 27 milhões de seguidores somados nas principais plataformas, enquanto Carlos e Eduardo têm audiências muito menores e engajamentos limitados.

“A autoridade política digital é intransmissível porque depende da narrativa vivida, não do sobrenome herdado.” (Brasil Digital, capítulo 3 – “O Carisma Algorítmico”)

Continua após a publicidade

Isso prova que o capital político de Jair Bolsonaro não pode ser simplesmente delegado ou replicado. Cada tentativa dos filhos de operar essa narrativa resultou em erros, crises e perdas estratégicas.

Flávio e Renan: outros capítulos de crises e denúncias – Se Carlos e Eduardo foram protagonistas do desgaste digital, Flávio e Renan Bolsonaro também contribuíram para as crises políticas e de imagem do pai.
•Flávio Bolsonaro, senador, esteve envolvido em escândalos de “rachadinhas”, investigações de lavagem de dinheiro e denúncias relacionadas ao uso indevido de recursos públicos.
•Renan Bolsonaro, o mais jovem, foi citado em suspeitas de tráfico de influência e uso de sua relação com o pai para abrir portas em negociações privadas.

Embora esses episódios não tenham tido o mesmo impacto no cenário internacional, ajudaram a consolidar uma percepção de instabilidade permanente na família e minaram ainda mais a confiança de segmentos do eleitorado.

Os erros que vieram de dentro: O desgaste da imagem de Jair Bolsonaro não foi provocado por adversários externos, pela mídia ou por partidos rivais. Ele foi acelerado por escolhas internas.
•Carlos Bolsonaro: centralizou a comunicação de forma amadora, criou crises digitais e afastou aliados estratégicos.
•Eduardo Bolsonaro: levou o conflito para fora, articulou lobby contra o Brasil e comprometeu a imagem internacional do pai.
•Flávio e Renan Bolsonaro: se envolveram em escândalos, denúncias e investigações que alimentaram uma narrativa constante de crise.

Continua após a publicidade

“A polarização interna é mais corrosiva que o ataque externo: ela rompe vínculos, destrói lealdades e desgasta a própria base.” (Brasil Digital, capítulo 8 – “Desgastes Digitais e Refluxo de Engajamento”)

O resultado é claro: Jair Bolsonaro segue sendo o maior líder político digital do Brasil, mas sua imagem não tem mais o mesmo alcance, amplitude e credibilidade. O que antes era força mobilizadora, hoje é resistência em declínio.

Se a política é arte de somar, os filhos de Bolsonaro aprenderam apenas a subtrair.

* Alek Maracajá é CEO da Ativaweb, especialista em Big Data e Comunicação Política, além de autor do livro “Brasil Digital – Nas Entrelinhas da Polarização Política”

 

Publicidade

About admin