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Os dramas pessoais que testaram Chris Flores: “Períodos difíceis”

Carismática, Chris Flores se tornou figurinha carimbada em programas de TV, como o Hoje em Dia, da Record, e o Fofocalizando, do SBT, em que deixou sua marca pela competência como apresentadora — mas também como estrela de alguns marcos da memória televisiva, como a infame história da “grávida de Taubaté”, uma falsa gestante que acabou desmascarada por ela. Há dois anos, porém, Chris pediu para deixar o programa de fofocas da emissora de Silvio Santos com a justificativa de que estava cansada — na verdade, a apresentadora passava por dramas pessoais, como o diagnóstico de Parkinson de seu pai, hoje com 82 anos, e mais tarde viria a descoberta de que a própria estava com uma hérnia de disco na cervical que precisaria ser operada. Agora, recuperada da cirurgia e após passar bons meses cuidando de seu pai, Chris Flores se prepara para retornar à TV na Band, integrando o vespertino Melhor da Tarde. Em entrevista a VEJA, a apresentadora fala sobre os desafios que testaram sua resiliência e da nova fase profissional.

Confira:

Como tem sido o processo de voltar para a televisão depois dessa pausa de dois anos afastada? Olha, foi tudo muito rápido. Mas as coisas boas são rápidas mesmo, assim, né? Quando a gente tem certeza do que a gente quer. Eu fiquei dois anos fora do ar, numa decisão super acertada. Eu sabia o que eu queria, não foi assim de uma hora para outra. Eu fui tendo esse entendimento da necessidade de eu dar uma pausa, porque eu fui fazendo as contas, eu estava há 20 anos no ar. Grande parte desse período trabalhando ao vivo diário. E isso é muito desgastante, né? Porque não é só o programa. Às vezes, as pessoas falam assim: “Ah, mas você ficava num programa de 1 hora, 1 hora e meia”. Mas eu já fiquei em programas de seis horas no ar, né? No Hoje em Dia, a gente ficava ali a manhã inteira. E também não é só o programa em si, né? Tem toda uma parte – a gente, sendo jornalista, a gente tem toda uma preocupação com o conteúdo, então, tem uma parte anterior de reunião de pauta, de conversa, que a gente mesmo às vezes não estando no presencial.

Por isso sentiu que precisava desacelerar, certo? Sim. Foram 20 anos intensos, maravilhosos, que eu gosto dessa correria, dessa loucura, amo ao vivo e o diário também. Gosto do improviso, então, para mim é muito legal fazer o diário e ao vivo por isso, né? Tem seus riscos, claro, porque o que foi para o ar não dá para cortar, né? Mas eu venho dessa escola do improviso e do ao vivo diário. E então eu estava esses 20 anos no ar, e que que eu fui percebendo? Que eu precisava também pensar em questões pessoais que eram urgentes e que eu estava deixando de lado de uma certa maneira.

Quais questões? Com a pandemia, tudo ficou muito intenso, né? E para o meu pai foi crucial, porque meu pai tem uma doença degenerativa, ele tem Parkinson. As pessoas associam muito o Parkinson ao tremor, e o Parkinson é muito mais do que isso, ele também traz a demência, uma falência de órgãos, no corpo inteiro. Então, a gente vê o tremor, mas a gente não vê o que está acontecendo no todo, no conjunto do corpo, no metabolismo. E eu comecei a perceber na pandemia que ele teve um decaimento muito grande. Eu tinha que ficar pouco com ele, porque eu trabalhava no ao vivo, e eu era um risco para ele. Então, ele ficou muito sozinho, nesse sentido de nos vermos à distância, é diferente de você poder abraçar, beijar, estar ali, aquele contato. Ele piorou muito e aí, nesses últimos tempos, eu comecei a ver alguns sinais de piora e percebi que eu precisava ficar perto, cuidar dele. E foi muito necessário porque ele, ele ressuscitou.

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Como assim? Ele ficou tão mal, que foi fechando a garganta dele, só para você entender, e ele não conseguia mais deglutir, se alimentar. E aí ele foi emagrecendo muito, nós tivemos que fazer uma gastrostomia, então, a alimentação por sonda que ele ainda continua, mas com fono. Com esse atendimento, de muito amor e carinho perto, ele voltou a comer, ele voltou a perceber as coisas de uma outra maneira. Então, ele está bem, a gente conversa, ele sabe quem sou eu, ele lembra das coisas, está tudo bem, mas assim, claro que tudo dentro de um limite que a doença permite. Então eu fui ver o apagar de luzes dele e eu falei: “Eu quero estar muito perto, dar muito amor, carinho e atenção nesse apagar, para quando esse ‘realmente apagar’ acontecer, eu ter meu coração em paz de que eu fiz tudo que eu podia e dei todo o meu amor para ele”. Eu não queria que ele partisse sem saber o quanto eu o amo. Então, foi por isso. Foi por mim também, porque eu tive uma hérnia de disco na cervical e foi uma hérnia muito séria.

O que aconteceu? Meu braço esquerdo paralisou, perdi o movimento do braço e eu estou até com uma cicatriz aqui no pescoço da cirurgia, porque essa cirurgia é feita pela frente, eles abrem aqui no pescoço, abrem a nossa corda vocal para chegar lá atrás. E tem um risco da corda vocal ficar comprometida, e a voz é o meu instrumento de trabalho. E tem toda uma recuperação de voltar a voz, de voltar o movimento. Pelo menos, o meu movimento de braço voltou, só que eu precisei de meses de fisioterapia. Eu precisava cuidar da minha saúde e precisava cuidar da minha saúde mental também, que eu falo, porque estudar também faz parte da saúde, né? Eu queria, era um sonho meu, voltar a estudar e ter um título acadêmico como mestrado, que é o que eu estou fazendo agora, estou me especializando em História das Mulheres. Eu falo que eu estou fazendo porque ainda não fiz a banca.

E como surgiu o convite para voltar à TV e integrar o Melhor da Tarde na Band? Bom, quando veio o convite, eu falei: “Acho que a hora é agora, porque eu vou fazer a banca”. Então, eu vou encerrar esse capítulo. Meu pai está bem, minha cirurgia já foi feita, já voltou meu movimento de braço. Então, sabe quando a oportunidade cai no teu colo no momento certo? E a oportunidade é assim, você tem que agarrar na hora que cai. E veio pelas mãos de Leo Dias, que é um amor antigo. Leo Dias eu conheço há muitos anos, trabalhamos juntos na Editora Abril, que você conhece bem. E a gente trabalhou na revista Contigo [que foi da Editora Abril entre 1963 e 2015]. E eu fui chefe dele lá, porque eu era editora de Flagra e ele era repórter no Rio de Janeiro. Então, a gente ficava atrás da galera para a pauta, aquela loucura toda. Trabalhamos nesse período, depois trabalhamos juntos na TV, no Fofocalizando. Hoje eu vejo o Leo numa fase muito madura. E ele está feliz como eu nunca vi antes trabalhando. Ele está muito sereno, muito tranquilo, com a segurança de estar num lugar que oferece para ele o que ele precisa para fazer um bom trabalho. Então, ao conversar com ele no telefone, eu falei: “Léo, é isso. Eu estou entendendo. Vou com você”, sabe? Ele me deu muita segurança.

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Sentiu segurança com todos por lá? Sim. Quando eu fui almoçar com a direção da Band, eu senti uma segurança também muito grande. Eu percebi que, enfim, eles me contaram que já tinha um namoro antigo aí que eu não sabia que estava rolando com a minha pessoa e que veio essa oportunidade e eles acharam que de fato dessa vez tinha tudo para dar certo. E é muito bom saber que a Pâmela Lucciola está indo para um projeto importante como o Melhor da Noite, e o restante da equipe do Melhor da Tarde é incrível. Volto agora porque é a oportunidade de fazer algo que eu já queria fazer. Já era um sonho fazer esse estilo de programa. Porque eu fiz coisas parecidas, mas não exatamente o que eu vou fazer agora. E eu sou movida a desafio. Eu quero sempre fazer algo diferente, algo novo.

Como fica a situação com o seu pai, exatamente? Por um período, eu cuidava dele sozinha, mas foi muito difícil, porque a saúde dele começou a demandar cuidados de enfermagem que eu não tenho conhecimento. E aí eu precisei buscar ajuda. Então, hoje ele está em ótimas mãos, ele tem essa alimentação por sonda. Mas eu estou com ele sempre, vejo o tempo inteiro, converso. Ele consegue mexer bem no celular também, fazer ligação de vídeo. Sigo bem presente. E dá para eu estar presente, porque o horário do programa é um horário muito bom, no meio da tarde, então, eu consigo fazer algumas coisas de casa e com ele ao mesmo tempo. Já me exige menos fisicamente, porque no começo eu dava banho, dava alimentação, mas ele melhorou tanto que a mobilidade dele já está ótima, ele já está levantando, sentando sozinho. Ele passou um período muito difícil, que eu tinha que fazer tudo, né? Chega uma fase que passamos a ser mãe dos pais, né? Eu estou naquela fase que o pessoal chama de sanduíche, que você tem os filhos e meu pai para cuidar.

Vocês estão morando todos juntos ou você dá uma força na casa dele? É, eu dou a força na casa dele, exatamente. Ele chegou a passar um período dentro da minha casa, mas foi, foi um período até difícil para ele, porque a pessoa não se sente à vontade. Ele tinha a casa dele, coisas dele do jeito dele e aí a pessoa começa a falar: “Ai, meu Deus, eu estou aqui, mas eu estou atrapalhando. Eu estou atrapalhando sua rotina, sua vida”. Assim. Então, até por uma questão psicológica, né? De, da cabeça, da pessoa ter seu espaço, suas coisas. Então, foi melhor assim para ele, né, pensando nele, né? Não por mim, porque ele poderia ficar o quanto ele quisesse. Mas é bom a pessoa ter o cantinho dela e deixar o jornal no lugar onde ela quer, deixar a cama desarrumada ou a cama arrumada. A gente tem que honrar pai e mãe.

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O que muda no Melhor da Tarde com a sua chegada? O time aqui é muito bom. Eles estão com muita vontade de colocar conteúdos diferentes, e eu estou chegando para somar, quero poder contribuir com todo mundo, já pegar o que está sendo feito e a trazer conteúdos mais diversos. Eu acho que isso vai ser, digamos, a grande diferença, né? Da gente poder diversificar mais conteúdos para todo mundo mostrar que tem essa possibilidade de trabalho.

Existe a intenção de você ter um outro programa solo na Band? Não, eu vim aqui para fazer o Melhor da Tarde, mas eles foram muito queridos comigo e disseram que sim, podem ter outras possibilidades, porque é multimídia aqui, né? A Band tem muitos tentáculos na comunicação. Rádio, por exemplo, é algo que eu nunca fiz e que é meu sonho fazer, mas eu sei que nesse momento agora eu preciso centrar esforços e energia para fazer o Melhor da Tarde, somar e a gente chegar com tudo. Mas eu estou à disposição e aberta para outros conteúdos, para outros programas, o que for necessário. Quando eu entro, eu entro de cabeça e eu me jogo. Estou aberta para o que vier.

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