Depois de ver o Conselho de Ética arquivar o processo que poderia cassar seu mandato por ataques ao STF, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ganhou um prêmio: tempo. E salário.
O deputado faltou a 37 das 51 sessões deliberativas de 2025, segundo representação apresentada nesta terça-feira (28) por Lindbergh Farias (PT-RJ) à Procuradoria-Geral da República. Mesmo que compareça a todas as sessões restantes, Eduardo não alcançará o mínimo de dois terços de presença exigido pela Constituição para manter o mandato.
O PT pede que o procurador-geral Paulo Gonet cobre do Supremo e da Mesa Diretora da Câmara a abertura imediata do procedimento para declarar a perda do cargo — e até o bloqueio dos pagamentos mensais ao parlamentar. A PGR ainda não se manifestou.
Nos bastidores, o clima é de acordo tácito: ninguém quer decidir nada agora. O entendimento é que, quando o número máximo de faltas for atingido, a Mesa Diretora terá de agir. Mas até lá, Eduardo negocia. E, na política, tempo é tudo.
A família Bolsonaro sabe disso como poucos. O Conselho de Ética não pune, o plenário não reage, e o deputado ausente continua recebendo por não trabalhar. O tempo, mais uma vez, corre a favor deles.
Autoexilado nos Estados Unidos, Eduardo se tornou o mais “quinta coluna” dos Bolsonaro: enquanto posa de perseguido político, atua contra os interesses do país que o elegeu, causando transtornos econômicos e políticos sobre os brasileiros. Ironia das ironias, é, de certa forma, também o primeiro e até agora único beneficiado por algum tipo de anistia pela Câmara dos Deputados.
