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Os detalhes da ata do Copom que enterram a chance de corte de juros em janeiro

Nesta terça-feira, o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pela manutenção da taxa básica de juros, Selic, em 15%.  A repetição quase didática do termo “bastante prolongado” é o principal indicador que o ciclo que cortes não deve começar em janeiro.

A palavra “incerteza”  também aparece de forma recorrente no texto, sempre associada à conjuntura internacional, às tensões geopolíticas e ao balanço de riscos para a inflação. Para o Copom, esse quadro exige cautela adicional de economias emergentes e reduz o espaço para mudanças rápidas na condução da política monetária.

Logo no início, o comitê afirma que “o ambiente externo ainda se mantém incerto”, com reflexos nas condições financeiras globais, e mais adiante destaca que “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”. A mensagem é que o grau de imprevisibilidade segue alto demais para permitir mudanças rápidas na estratégia.

No plano doméstico, a ata reconhece a moderação da atividade econômica, mas trata esse movimento com cautela. O texto registra que “o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica”, ao mesmo tempo em que ressalta que “o mercado de trabalho mostra resiliência”. Mais adiante, o comitê conclui que o mercado de trabalho está “em patamar bastante apertado”, ainda que haja “sinais incipientes de desaquecimento”, leitura que ajuda a explicar a persistência da inflação de serviços.

Sobre a inflação, o Copom admite melhora recente, mas reforça que o problema central está nas expectativas. A ata afirma que “a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta” e destaca que as expectativas “permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes”. Nesse ponto, o texto é direto ao afirmar que “o custo de desinflação é maior em ambientes com expectativas desancoradas”.

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A frase mais dura da ata do Copom

Esse diagnóstico leva a uma das frases mais duras da ata do ponto de vista prospectivo. O comitê registra que “em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”. É esse trecho que praticamente elimina a leitura de um viés de corte de juros embutido no texto.

As projeções reforçam a mesma ideia. No cenário de referência, a inflação projetada é de 4,4% em 2025 e só converge para níveis próximos da meta no horizonte mais longo, com “3,2% no segundo trimestre de 2027”. A própria ata associa essa trajetória à necessidade de manter uma política monetária contracionista por um período extenso.

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Política fiscal do governo é novamente tema da reunião

O texto também volta a apontar o descontrole fiscal do governo como risco relevante. “O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, diz o texto.

A ata também indica que o debate sobre o controle fiscal e seus efeitos na inflação não é uma novidade nas reuniões. “Em particular, o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”, diz a ata da reunião.

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Na parte final, o comitê amarra todas essas leituras ao afirmar que “o cenário prescreve uma política monetária significativamente contracionista por período bastante prolongado” e reforça que “não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado”.

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