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Os cinco pontos-chave do discurso de Trump à nação

Em um discurso à nação na noite de quarta-feira 17, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não fez grandes anúncios, como seria esperado, mas aproveitou os 19 minutos de falas para redobrar as críticas aos imigrantes, descascar o Partido Democrata, destacar suas supostas conquistas neste ano e fazer promessas grandiloquentes para o resto do mandato.

“Nossa nação é forte. A América é respeitada e nosso país está mais forte do que nunca”, disse ele.

Democratas aproveitaram rapidamente a queda nos índices de aprovação de Trump e as preocupações dos americanos com a inflação para lançar críticas ao presidente. “Perdi a conta de quantas mentiras Trump gritou esta noite, mas a principal conclusão é que ele claramente perdeu o contato com a realidade. Delirante”, disse o senador Chris Van Hollen.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, um potencial futuro candidato à presidência que frequentemente provoca Trump nas redes sociais, zombou dele por fazer um discurso focado em: “Eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu”.

Os principais pontos de seu discurso dão indícios de que os próximos três anos de mandato serão muito semelhantes ao primeiro.

1. Imigração

O presidente dos Estados Unidos voltou a atacar imigrantes, culpando-os pela crise imobiliária e outros problemas econômicos que afetam o país.

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“Imigrantes ilegais roubaram empregos de americanos e lotaram os prontos-socorros, recebendo assistência médica e educação gratuitas pagas por vocês – os contribuintes”, disse Trump. “Eles também aumentaram o custo da aplicação da lei em números tão altos que nem devem ser mencionados.”

O republicano, que recentemente chamou imigrantes somalis de “lixo”, voltou a dizer, sem provas, que eles “tomaram conta da economia” do estado de Minnesota e roubaram “bilhões e bilhões de dólares”.

Vários estudos diferentes mostram que imigrantes contribuem mais do que prejudicam a economia, fornecendo mão de obra em setores vitais, como agricultura e construção.

2. “Boom econômico”

Trump garantiu que suas políticas econômicas estão funcionando e que o PIB americano terá um período de crescimento acelerado. “Estamos preparados para um boom econômico como o mundo nunca viu”, afirmou, referindo-se ao ano de 2026.

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Foi, no mínimo, uma hipérbole. A economia americana deve crescer 2% neste ano, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), e não deve passar de 1,8% no próximo. O crescimento da atividade empresarial nos Estados Unidos atingiu o menor nível em seis meses em dezembro. E a inflação está em 3%, acima da meta de 2% do Federal Reserve, o banco central. Embora as políticas tarifárias do governo Trump não tenham elevado os preços de forma significativa — contrariando as previsões —, muitos americanos continuam a sentir o impacto da alta no custo de vida.

Uma pesquisa da NPR/PBS News/Marist divulgada na quarta-feira 27 constatou que apenas 36% aprovam a gestão da economia no governo Trump, e 45% afirmam que os preços são sua principal preocupação quando se trata de questões econômicas. Mais da metade disse acreditar que o país já está em recessão.

O presidente ignorou preocupações com o preço de alimentos e energia, que tinha prometido controlar, exceto quando abordou a questão do aumento dos custos médicos. Espera-se que cuidados com a saúde fiquem ainda mais caros quando uma série de subsídios para pessoas de baixa renda expirarem no final deste ano. Para contrabalançar isso, Trump destacou seus esforços para reduzir o custo de medicamentos vendidos sob prescrição mediante acordos com farmacêuticas. Segundo ele, a medida entrará em vigor em janeiro e “reduzirá drasticamente os custos da saúde”.

3. Paz no Oriente Médio

Trump afirmou ter “restaurado” as forças americanas e solucionado “oito guerras em 10 meses”, citando o Irã e Gaza. “Trouxe a paz pela primeira vez em 3 mil anos ao Oriente Médio”, declarou, apesar do conflito entre Israel e palestinos ter começado em 1948, quando o Estado judeu foi fundado.

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Os observadores de plantão contestam que ele tenha, de fato, encerrado conflitos ou levado a paz ao Oriente Médio. Muitos dos acordos mediados pelo seu governo são extremamente frágeis, com soluços registrados não só em Gaza, mas também no Camboja, Sudão e Paquistão. Muitas vezes, o cessar-fogo parece existir apenas no papel.

4. “Dividendo de guerreiro”

Trump disse que 1,45 milhão de militares dos Estados Unidos receberão em breve um bônus de US$ 1.776 (pouco menos de R$ 10 mil) cada, pagos com a receita arrecadada com as tarifas comerciais impostas neste ano.

“Pensem nisso: 1.450.000 militares receberão um bônus especial, que chamamos de ‘Dividendo de Guerreiro’, antes do Natal”, disse o presidente, acrescentando que o valor específico era uma homenagem ao ano da fundação dos Estados Unidos.

5. O que ficou de fora: tensões com Venezuela

Muitos especularam que Trump poderia aproveitar o discurso à nação para fazer um anúncio dramático sobre uma ação militar contra a Venezuela – ou defender uma ação militar no futuro. O apresentador conservador Tucker Carlson, que desde que deixou a Fox News mantém um podcast próprio, chegou a confirmar que isso ocorreria.

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Mas, apesar do bloqueio ao petróleo da Venezuela imposto na terça-feira e da enorme mobilização militar americana no Caribe, ele não mencionou as crescentes tensões entre Washington e Caracas. Fez apenas um aceno breve aos ataques contra embarcações venezuelanas nas águas caribenhas, que o governo Trump alega levarem drogas em direção ao norte, apesar de não apresentar provas. Os bombardeios mataram mais de 90 pessoas, que muitos juristas denunciam como execuções extrajudiciais que violam o direito internacional.

“Os EUA dizimaram os sanguinários cartéis de drogas estrangeiros”, disse Trump, que já afirmou anteriormente, também sem provas, que cada ataque a uma embarcação “salva 25 mil vidas americanas” por impedir que drogas cheguem aos Estados Unidos.

Nesta semana, ele também assinou um decreto declarando o potente opiáceo fentanil, que afirma estar entre as drogas traficadas na Venezuela, uma “arma de destruição em massa”. No entanto, especialistas ressaltam que a Venezuela não está entre as principais origens do entorpecente.

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