Entre muitos tropeços e alguns acertos, o remake de Vale Tudo chega ao fim na noite desta sexta-feira, 17, com ao menos um objetivo alcançado: ganhou repercussão entre o público da TV aberta e na internet — que falaram bem e mal da novela das 9 da Globo com muita paixão.
Eis os três acertos do remake escrito por Manuela Dias
Taís Araujo tirou leite de pedra com uma Raquel apagada na reta final de Vale Tudo, mas fez seu trabalho com dignidade até o último dia. Merecia mais do que uma personagem que teve enredos tirados, e outros inventados — como perder tudo por uma armação de Odete (Debora Bloch), voltando a ser pobre e vendendo sanduíches na praia antes de enriquecer novamente como num passe de mágica graças a uma atitude de salvadora da pátria de Tia Celina (Malu Galli). Já Debora Bloch caiu nas graças do público com uma Odete original, sem se perder na tentativa de imitar Beatriz Segall, a intérprete da Odete original, e mostrou fibra do início ao fim.
Um elenco talentoso também foi o trunfo da novela. Apesar de textos mirabolantes que não fizeram jus à genialidade dos autores originais, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, os atores escalados para o remake também fizeram bons trabalhos ao dar o máximo para tornar seus personagens carismáticos, caso de Alexandre Nero (Marco Aurélio), Carolina Dieckmann (Leila), Malu Gali, Alice Wegmann (Solange), Luís Salem (Eugênio), Luís Lobianco (Freitas), Karine Teles (Aldeíde) e Belize Pombal (Consuelo).
A repercussão de Vale Tudo conseguiu ser maior do que suas antecessoras e levantou o ibope deixado por Mania de Você na Globo — de 21,2 pontos para 23,3. Os comentários na internet eram em sua maioria negativos? Sim. Mas, quem está ligando?
E os erros
Ao longo dos meses de exibição, ficou claro como a trama não se preocupou em adicionar enredos descartáveis e sem sentido, caso do bebê reborn de Aldeíde que durou poucas semanas, a obsessão de Marco Aurélio pela sobrinha Sarita (Luara Telles) e a corrupção de Renato (João Vicente de Castro) na Tomorrow — tudo foi sendo esquecido pelo caminho.
O começo da história do casal Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings) em Vale Tudo parecia promissor. As duas personagens do remake assinado por Manuela Dias agora se apresentavam como mulheres casadas (apesar de não terem oficializado a união) — na versão original, por causa do conservadorismo da época e dos resquícios da ditadura militar, eram mostradas apenas como “companheiras” e Cecília ainda morria em um acidente de carro. Na nova versão, Cecília não deixou a história e ela ainda adotou junto com a esposa uma filha, Sarita (Luara Telles), ganhando mais camadas na nova versão — pelo menos, era o que parecia que acontecer, mas não rolou.
O erro mais execrável do remake com certeza foi o fato de que Raquel e Maria de Fátima (Bella Campos) acabaram escanteadas na nova versão. Se na novela original o cerne da trama era discutir a ética com embates entre uma mãe super honesta e batalhadora e uma filha trambiqueira, na adaptação da história tudo ficou centralizado nos problemas de gente rica da família Roitman. Raquel deixou de ter embates com a vilã Odete, enquanto Maria de Fátima perdeu sua parceria com César (Cauã Reymond) — algo que sustentava na versão original.
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