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ONU: Israel opera centros de distribuição de alimentos como se tivesse ‘licença para matar’

A UNRWA, principal agência das Nações Unidas na Faixa de Gaza, fez uma série de alertas nesta terça-feira, 22, sobre a crise humanitária no enclave palestino, afirmando que o território virou “um inferno na terra”. O chefe do órgão, Philippe Lazzarini, disse que seus funcionários, médicos e outros trabalhadores humanitários estão desmaiando em serviço devido à fome e exaustão, enquanto atiradores de Israel operam os centros de distribuição de alimentos “como se tivessem licença para matar”. Segundo ele, mais de 1.000 já morreram em filas por comida.

“Cuidadores, incluindo colegas da UNRWA em Gaza, também precisam de cuidados agora: médicos, enfermeiros, jornalistas, trabalhadores humanitários, entre eles, funcionários da UNRWA, estão com fome. Muitos estão desmaiando de fome e exaustão enquanto desempenham suas funções”, afirmou Lazzarini em comunicado compartilhado por seu porta-voz em uma coletiva de imprensa em Genebra.

Ele descreveu a situação em Gaza como um “inferno na Terra”, acrescentando que nenhum lugar é seguro.

Após o fracasso das negociações para estender o último cessar-fogo na guerra Israel-Hamas, o Exército israelense impôs um bloqueio total a Gaza em 2 de março, não permitindo a entrada de alimentos, medicamentos, combustível ou água. Segundo Tel Aviv, o grupo terrorista palestino estava interceptando os suprimentos destinados à população. Caminhões foram novamente autorizados a levar ajuda humanitária, aos poucos, no final de maio.

Em uma publicação no X (antigo Twitter) na segunda-feira, a UNRWA afirmou que a escassez no território palestino fez com que os preços dos alimentos aumentassem 40 vezes, enquanto os suprimentos de seus armazéns fora de Gaza poderia alimentar “toda a população por mais de três meses”.

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“Licença para matar”

Lazzarini também criticou a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma empresa privada administrada pelos Estados Unidos e Israel que substituiu as Nações Unidas no fornecimento de ajuda humanitária desde o final de maio. Segundo Tel Aviv, a troca foi necessária porque a UNRWA estaria em conluio com o Hamas. (Após uma investigação interna, a UNRWA demitiu nove de seus 13 mil funcionários sob suspeita de envolvimento no ataque a comunidades israelenses em outubro de 2023, que desencadeou a guerra, mas não encontrou evidências das alegações mais amplas de Israel.)

“O chamado esquema de distribuição ‘GHF’ é uma armadilha mortal sádica. Atiradores abrem fogo aleatoriamente contra multidões como se tivessem permissão para matar”, declarou Lazzarini. A UNRWA estima que 1.000 pessoas famintas foram mortas enquanto buscavam ajuda alimentar desde o final de maio.

Diversas entidades e a comunidade internacional têm criticado o método de entrega de alimentos da GHF – em um número limitado de locais fortemente militarizados. As Nações Unidas, no final de junho, condenaram a “transformação de alimentos em armas” por Israel na Faixa de Gaza, o que definiu como um “crime de guerra”.

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A organização administra apenas quatro locais para alimentar 2 milhões de pessoas. Antes, no modelo de ajuda administrado pela UNRWA e pelas principais organizações humanitárias internacionais, que alimentou os palestinos durante quase 20 meses de guerra, havia mais de 400 pontos de distribuição de ajuda.

Uma startup sem experiência na distribuição de alimentos em zonas de conflito complexas, a GHF iniciou as operações de fornecimento de alimentos em 26 de maio, após Israel romper parcialmente o bloqueio à entrada de ajuda no enclave. Já no primeiro, as Forças de Defesa de Israel (FDI) dispararam perto de multidão de palestinos após a GHF perder controle do posto em Rafah, dando início a um tumulto. Uma série de episódios parecidos foram registrados desde então, alguns deles com mais de 50 vítimas.

Condenação do Vaticano

Em paralelo, também nesta terça, o clérigo mais antigo da Igreja Católica Romana na Terra Santa disse que a situação humanitária em Gaza é “moralmente inaceitável”, após visitar o território palestino devastado pela guerra

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“Vimos homens se segurando ao sol por horas na esperança de uma refeição simples. É moralmente inaceitável e injustificado”, disse o Patriarca Latino Pierbattista Pizzaballa em uma coletiva de imprensa.

Ele visitou o enclave depois da única igreja católica local ter sido atingida por bombardeios de tanques israelenses. No incidente, três morreram e dezenas ficaram feridos, incluindo o pároco Gabriel Romanelli, padre que manteve contato diário com o falecido papa Francisco desde o início do conflito.

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