Estados Unidos, Canadá, países europeus e árabes estão dispostos a contribuir com os US$ 70 bilhões necessários para a reconstrução de Gaza, disse Jaco Cilliers, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), nesta terça-feira, 14. A guerra de dois anos deixou mais de 67 mil mortos e um rastro de destruição cerca de 13 vezes maior do que a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. De cada 10 edifícios, oito foram danificados ou arrasados no território. A restauração do enclave palestino pode levar décadas.
“Ouvimos notícias muito positivas de vários dos nossos parceiros, incluindo parceiros europeus… Canadá”, afirmou Cilliers sobre a disposição de algumas nações em ajudar Gaza, acrescentando que também houve discussões com os EUA.
Até o momento, o PNUD já removeu mais de 81.000 toneladas de escombros de Gaza e continua o trabalho. O Centro de Satélites da ONU estima que pelo menos 102.067 prédios foram destruídos. Encurralada, restou à população de Gaza tentar fugir dos bombardeios. Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% do enclave, foram deslocadas, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Agora, com o cessar-fogo, os palestinos retornam para as suas casas, ou ao que sobrou delas.
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Em meio à escalada da violência, 22 dos 36 hospitais de Gaza fecharam as portas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Trata-se de um somatório de problemas: ataques israelenses aos prontos-socorros sob acusações de que o Hamas usava os prédios como esconderijos, uma alegação rejeitada pelos militantes; sobrecarga da equipe médica e colapso do sistema de saúde do território, reflexo do elevado número de feridos; e falta de equipamentos, medicamentos e combustível, consequência do bloqueio parcial de Israel à entrada de ajuda humanitária. Os 14 hospitais restantes funcionam de forma limitada.
Acredita-se que 40 mil crianças tenham perdido um ou ambos os pais, segundo o Escritório Central de Estatísticas da Palestina, que definiu a situação como “a maior crise de órfãos da história moderna”. Além disso, dados de março do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontaram que entre 3.000 e 4.000 crianças em Gaza tiveram um ou mais membros amputados. O enclave palestino tornou-se o lugar do mundo com mais menores de idade mutilados. Quase 658.000 crianças em idade escolar e 87.000 estudantes universitários estão sem acesso à educação, já que os centros de ensino foram destruídos ou são usados como abrigo.