Diplomatas e líderes da Organização das Nações Unidas condenaram nesta quinta-feira, 30, a onda de massacres cometidos pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) na cidade de El Fasher, no Sudão. Relatos de execuções sumárias, ataques a hospitais e expulsões forçadas de civis levaram o Conselho de Segurança a convocar uma sessão emergencial em Nova York, reforçando a urgência de proteção da população.
A cidade, já marcada por conflitos étnicos, mergulhou em um “inferno ainda mais profundo”, segundo autoridades da ONU, enquanto milhares tentam fugir para áreas vizinhas em meio a caos e violência.
Nos últimos dias, El Fasher tornou-se palco de uma escalada brutal de violência. Civis foram mortos em ataques direcionados e casas foram vasculhadas pelas RSF, segundo Martha Ama Akyaa Pobee, secretária-geral assistente da ONU para a África.
“A situação é simplesmente horrível. Apesar dos compromissos de proteção, ninguém está seguro. Não há rotas seguras para deixar a cidade”, disse Akyaa Pobee.
Tom Fletcher, subsecretário-geral para assuntos humanitários, reforçou o drama: “El Fasher, já cenário de sofrimento catastrófico, mergulhou em um inferno ainda mais profundo.” Ele destacou o massacre de quase 500 pessoas em um hospital materno e a fuga de dezenas de milhares para Tawila, onde mulheres e crianças enfrentam violência, extorsão e sequestros.
A sessão do Conselho de Segurança também abordou o papel externo na crise. Pobee alertou que o fornecimento de armas e combatentes ao RSF contribui para agravar o conflito, colocando o mundo diante de uma “situação desesperadora”. O apoio estrangeiro mais citado é o dos Emirados Árabes Unidos, que negam envolvimento militar direto.
Organizações de direitos humanos pedem sanções específicas à liderança dos Emirados e uma mobilização internacional urgente para proteger civis e evitar um genocídio.
Um plano de paz do grupo externo Quad — formado por EUA, Arábia Saudita, Egito e Emirados — previa um cessar-fogo inicial de três meses, seguido por uma trégua permanente e um período de transição de nove meses para um governo civil e independente. Até agora, o roteiro não foi implementado, e a população de El Fasher permanece à mercê da violência.
