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ONG denuncia abusos em centros de detenção nos EUA: imigrantes tratados ‘como cães’

Imigrantes detidos teriam sido obrigados a se ajoelhar para comer “como cães” em um centro do ICE, a polícia de imigração dos Estados Unidos, em Miami. A informação foi divulgada nesta segunda-feira 21, por um relatório da ONG Human Rights Watch. O relatório expõe condições precárias e abusos em três centros de detenção superlotados no estado da Flórida.

O incidente aconteceu em meados de abril no Centro de Detenção Federal (FDC), localizado na zona central de Miami. Dezenas de homens, recém-transferidos, foram reunidos em uma cela com os pés algemados e as mãos amarradas nas costas. Eles foram deixados na cela por horas, sem alimentação. Os imigrantes só receberam comida após protesto de um dos guardas, às 19h, mas continuaram com os braços presos.

“Não conseguíamos alcançar os pratos com as mãos. Tínhamos que colocar os pratos em cadeiras e então nos abaixar e comer apenas com a boca, como cães”, declarou um imigrante identificado como Chauan no relatório.

Em um outro incidente na mesma prisão, funcionários desligaram uma câmera de vigilância enquanto uma “equipe de controle de distúrbios” espancava detentos que protestavam contra a falta de atendimento médico.

Denúncias

Desde janeiro, abusos em prisões administradas pelo ICE têm sido expostos pelos grupos de defesa Human Rights Watch, Americans for Immigrant Justice e Sanctuary of the South, a partir de entrevistas com imigrantes detidos.

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No Centro de Detenção de Krome North, no Oeste de Miami, imigrantes detidas eram obrigadas a usar banheiros à vista dos homens. As mulheres não tinham acesso à alimentação adequada, chuveiros ou cuidados apropriados ao seu gênero.

A prisão estava tão superlotada que detentos transferidos relataram ter ficado mais de 24 horas em um ônibus no estacionamento, aguardando para ingressar no local. Durante esse tempo, homens e mulheres ficaram confinados juntos, sendo liberados somente para ir ao banheiro – e até isso era problemático. “Era o tipo de banheiro em que normalmente as pessoas só urinam, mas como ficamos tanto tempo no ônibus e não nos deixaram sair, alguns defecaram no banheiro”, disse um homem. “Por causa disso, o ônibus inteiro cheirava fortemente a fezes”.

Quando finalmente foram admitidos na unidade, eles passaram cerca de doze dias amontoados em uma sala de admissão, dormindo no chão frio de concreto sem roupas de cama ou casacos. Os detidos batizaram o local de la hielera – “a geladeira”, em espanhol.

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A superlotação em Krome era tamanha que todas as salas foram utilizados para acomodar os recém-chegados. “Quando saí, quase todas as salas de visita estavam lotadas. Algumas estavam tão cheias que os homens nem conseguiam sentar, todos tinham que ficar de pé”, afirmou uma detenta chamada Andrea no relatório.

Já no Centro de Transição de Broward, em Pompano Beach, imigrantes detidos afirmam que é comum terem atendimento médico ou psicológico adequado negado. Em abril, uma mulher haitiana de 44 anos chamada Marie Ange Blaise morreu no local após reclamar de dores no peito e ser instruída a se deitar. Segundo o relatório da Human Rights Watch, é comum que os feridos recebam respostas indiferentes ou hostis da equipe ao fazer reclamações.

A superlotação das três instalações contribuiu para que a Flórida decidisse construir o Centro de Detenção de Everglades, a controversa prisão apelidada de Alcatraz dos jacarés – cercada por um pântano lotado deles e destinada a abrigar até 5 mil imigrantes sem documentação enquanto esperam deportação.

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Em junho, o número de imigrantes levados a centros de detenção nos Estados Unidos ultrapassou uma média de 56 mil por dia. Cerca de 72% não tinham qualquer antecedente criminal. No ano anterior, 2024, a média diária de detenções foi de 37,5 mil por dia.

Para as três instituições citadas no relatório, os abusos refletem a piora das condições em instalações federais de imigração desde a posse de Donald Trump em janeiro, e a pressão decorrente disso para o aumento das deportações.

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