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Onda de protestos da Geração Z varre também o Peru; confrontos com polícia deixam um morto

O barulho da Geração Z, que já derrubou governos no Nepal e em Madagascar, chegou também à América Latina. Uma onda de protestos capitaneados pela juventude tomou conta do Peru, uma semana após o impeachment da então presidente Dina Boluarte. Na quarta-feira 15, confrontos entre manifestantes e policiais na capital do país, Lima, deixaram um homem de 32 anos morto e mais de 100 feridos, incluindo muitos agentes de segurança.

Os atos organizados online reuniram jovens cansados com a envelhecida elite política peruana em torno da demanda de que o governo interino liderado pelo presidente do Congresso, José Jerí, faça mais para combater crimes violentos nas ruas do país e a corrupção na política — dois dos principais enroscos que levaram à queda de sua antecessora. Ele ficará no poder até as próximas eleições, marcadas para abril de 2026.

Morte de manifestante

O presidente Jerí alegou que os protestos foram infiltrados por criminosos cujo objetivo seria semear o caos e anunciou que abriu uma investigação sobre as circunstâncias e os responsáveis pela morte do manifestante Eduardo Ruiz Sáenz, um artista de hip hop. Em postagem no X, escreveu que “lamenta” o acontecimento, sem dar detalhes.

A congressista de esquerda Ruth Luque, que visitou o hospital para onde muitos dos feridos nos confrontos foram levados, afirmou, por sua vez, que “informações preliminares” indicavam que a vítima morreu devido a um tiro no peito. Enquanto isso, a mídia local citou testemunhas que disseram ter visto o músico ser baleado por um homem que acusaram de ser um policial à paisana.

A revolta Z

Jerí, do partido conservador Somos Peru, como chefe do Congresso, tornou-se o sétimo presidente a liderar o país nos últimos oito anos ao tomar posse na última sexta-feira, depois de Boluarte ser destituída por “incapacidade moral permanente”.

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Mas, poucos dias depois, a indignação contra o que os manifestantes chamam de “elite política” se espalhou, com milhares de pessoas indo às ruas para exigir um líder com “ficha limpa”. Os manifestantes também demandam que o governo aja para combater a corrupção e o crime, em meio a uma onda de casos de extorsão em que motoristas de ônibus e táxis são constantemente ameaçados por gangues.

Jovens ativistas organizaram protestos em várias grandes cidades e exigiram que Jerí renuncie ao cargo em favor de um parlamentar independente. Em um vídeo publicado no TikTok, um deles, que se autodenominava “Lando”, acusou o partido Somos Peru de ter apoiado Boluarte, cujo índice de aprovação bateu míseros 3% antes de sua destituição — por um tempo, a pior do planeta. Não está enganado: a sigla mudou de lado na semana passada, juntando-se ao coro dos que exigiam o impeachment da ex-presidente.

O aumento da violência no país foi o principal motivo por trás do impeachment — a gota d’água ocorreu apenas dois dias antes da queda de Boluarte. Na última quarta-feira 8, a popular banda de cumbia Agua Marina foi atacada durante uma apresentação em um complexo militar em Lima, supostamente um dos lugares mais seguros do país. Quatro integrantes do grupo foram baleados no peito e na perna. A chave para a destituição expressa foram os votos de partidos até então aliados do governo, como o direitista Força Popular, de Keiko Fujimori, e o Somos Peru.

A ex-presidente permanece no país. Boluarte afirmou no início desta semana que continuaria por lá enquanto aguarda o desfecho de diversas investigações sobre supostos abusos de poder. Ela negou quaisquer irregularidades.

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