Países do norte da Europa enfrentam um evento climático sem precedentes. Noruega, Suécia e Finlândia registram, desde o início de julho, uma sequência prolongada de dias com temperaturas superiores a 30 °C, um fenômeno raro até mesmo para os verões mais quentes da região.
No Ártico norueguês, estações meteorológicas apontaram mais de uma dezena de dias consecutivos com temperaturas acima da marca histórica.
Em algumas áreas da Lapônia sueca, o calor persistiu por mais de duas semanas, superando marcas não vistas há mais de cem anos.
Na Finlândia, cidades do norte enfrentaram três semanas seguidas de calor extremo, sobrecarregando sistemas de saúde e obrigando a adaptação emergencial de estruturas urbanas.
A persistência do calor está associada ao aquecimento anormal das águas do norte do Atlântico e à presença de um bloqueio atmosférico que mantém uma massa de ar quente estacionada sobre o território escandinavo.
O resultado tem sido uma elevação das temperaturas em até 10 °C acima da média histórica para o período.
A infraestrutura da região, projetada para enfrentar invernos rigorosos, não está preparada para responder a esse novo padrão climático.
Hospitais enfrentam aumento na procura por atendimentos por exaustão térmica, pistas de gelo passaram a ser usadas como abrigo contra o calor, e a fauna local, como os rebanhos de renas, sofre com os efeitos da temperatura elevada.
Incêndios florestais, causados por raios em meio à vegetação seca, também foram registrados.
As chamadas “coolcations”, viagens em busca de refúgio em destinos frios, viraram frustração para turistas que encontraram calor recorde em plena Escandinávia.
Ao mesmo tempo, meteorologistas indicam que a frequência e a duração desses eventos tendem a aumentar, transformando o clima dos países nórdicos em algo muito diferente do que se conhecia até aqui.
Aquecimento global e COP30: o futuro em debate no Brasil
A onda de calor no norte europeu se soma a uma série de eventos extremos que têm marcado o calendário climático de 2025. O aumento da temperatura média global pressiona os limites definidos pelo Acordo de Paris, especialmente a meta de conter o aquecimento em 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
Diante desse cenário, a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, ganha centralidade nas negociações internacionais.
O encontro será o primeiro em território amazônico e terá como foco o estabelecimento de metas intermediárias de corte de emissões até 2035, além da construção de mecanismos de financiamento para países em desenvolvimento.
O Brasil, na presidência da cúpula, articula uma coalizão entre países do Sul Global para garantir que a transição energética ocorra de forma justa e sustentável.
As discussões devem abordar ainda a adaptação a desastres climáticos e a preservação de ecossistemas chave, como as florestas tropicais, diante de um planeta que aquece em ritmo acelerado.
Eventos como o que atinge os países nórdicos indicam que o aquecimento global já não é uma ameaça distante, mas uma realidade que redefine padrões climáticos, pressiona sistemas sociais e exige respostas coordenadas e urgentes.