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OMS anuncia classificação de tipo de hepatite como cancerígena; saiba mais

Também chamada de Delta, a hepatite D não está entre as mais citadas quando se fala da infecção viral que afeta o funcionamento do fígado, mas ela acaba de ganhar destaque pelo fato de ter sido classificada como uma doença com potencial cancerígeno em um anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) . Os tipos A, B e C são os mais conhecidos, inclusive no Brasil, onde o tipo D é descrito como mais comum na região Norte. A nova classificação é vista como um avanço, pois pode ajudar a difundir informações e contribuir para o estabelecimento de políticas públicas, segundo infectologista ouvido por VEJA.

Em alerta dado no início desta semana em função do Dia Mundial da Hepatite, a entidade relembrou que as hepatites virais estão diretamente relacionadas com episódios de infecção hepática aguda, mas não os tipos B, C e D que levam a quadros crônicos que aumentam o risco de doenças como cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. Esses três tipos de hepatite causam mais de 1,3 milhão de mortes por ano e atingem mais de 300 milhões de pessoas ao redor do globo.

“A cada 30 segundos, alguém morre de uma doença hepática grave ou câncer de fígado relacionado à hepatite. No entanto, temos as ferramentas para deter a hepatite”, disse, em comunicado, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

A nova classificação foi realizada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), que incluiu a Delta na lista que já continha as hepatites B e C.

De acordo com a entidade, esse destaque dado ao tipo D é importante para o rastreamento e busca de novos tratamentos para quem vive com a doença. Isso porque a Delta afeta apenas pessoas que já vivem com o vírus B, mas está relacionada a um risco de câncer duas a seis vezes maior do que quem está infectado apenas com tipo B.

Atualmente, os medicamentos conseguem suprimir a hepatite B, mas não curar a doença. A cura é possível apenas para a hepatite C com drogas que estão disponíveis no Brasil — inclusive gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em tratamentos que duram entre 12 e 24 semanas –. Para o tipo D, as opções de tratamento ainda estão em evolução, segundo a OMS.

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Importância da nova classificação

Infectologista e CEO do InfectoCast, Klinger Soares Faico Filho explica que a reclassificação tem implicações diretas para atenção básica, vigilância epidemiológica e políticas de prevenção, ajudando médicos nas medidas de diagnóstico e nas ações de conscientização.

“Essa nova classificação da OMS tira a hepatite D da invisibilidade. Embora se saiba há décadas que ela agrava a progressão da doença hepática, a formalização de seu potencial oncogênico eleva a urgência de incluí-la em estratégias de saúde pública, como: ampliar a testagem para hepatite D em pessoas com hepatite B, investir em vacinação universal contra hepatite B, especialmente em áreas endêmicas, e desenvolver e distribuir opções terapêuticas mais acessíveis para vírus.”

Faico Filho, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que os reflexos positivos devem ser sentidos por aqui. “No Brasil, onde áreas da região amazônica apresentam altas taxas de coinfecção por HBV (vírus do tipo B) e HDV (vírus Delta), a medida alerta para a necessidade de intervenção direcionada.”

O que é a hepatite D?

De acordo com o infectologista, trata-se de uma infecção do fígado causada pelo vírus da hepatite D (HDV), uma “forma peculiar por depender da presença do vírus da hepatite B (HBV) para se multiplicar no organismo”.

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“O HDV é considerado o agente causador da forma mais grave de hepatite viral, pois acelera a progressão para cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado”, explica Faico Filho.

As vias de transmissão são as mesmas do tipo B da hepatite:

  • Contato com sangue contaminado (transfusões, agulhas, acidentes biológicos)
  • Relações sexuais desprotegidas
  • Transmissão vertical (mãe para filho), embora menos comum

Quais são os sintomas?

De acordo com o infectologista, eles variam conforme a fase e gravidade da infecção:

  • Agudos: febre, fadiga, icterícia (pele e olhos amarelados), náuseas, vômitos, urina escura, fezes claras
  • Crônicos: muitas vezes assintomática até fases avançadas
  • Pode evoluir para hepatite fulminante, cirrose hepática e câncer de fígado com mais rapidez do que a hepatite B isolada
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“Ainda não existe um tratamento amplamente eficaz e acessível para a hepatite D. O foco atual está em prevenir a infecção, especialmente com vacinação contra hepatite B, que indiretamente previne a hepatite D”, diz o infectologista.

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