O capitão de fragata da Marinha Cristiano da Silva Lacerda foi condenado na última quarta-feira, 10, pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro a 80 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato a facadas de Geraldo e Osélia Coelho, de 73 e 72 anos. O crime ocorreu em junho de 2022 quando as vítimas, pais de seu ex-namorado, Felipe Coelho, estavam hospedadas no apartamento do ex-casal, que ainda morava junto. A pena inclui ainda o pagamento de indenização por danos morais aos filhos do casal e a perda do cargo militar.
O assassinato ocorreu enquanto os idosos dormiam em um sofá-cama, sem direito de defesa, o que levou o caso a ser caracterizado como um crime brutal premeditado por vingança, motivado pelo fim do relacionamento. Segundo a acusação, Cristiano, tomado por ciúmes, aguardou Felipe sair para uma festa para atacar os ex-sogros com extrema crueldade, desferindo um elevado número de facadas. O acusado foi encontrado no local dopado dentro de um baú, ao lado da arma e de substâncias tóxicas, embora a investigação sustente que ele agiu com lucidez antes e durante os assassinatos.
Em sua sentença, a juíza Tula Corrêa de Mello destacou a maior reprovabilidade do ato por ser o réu um alto oficial da Marinha, cujo dever seria proteger a sociedade. Ela ressaltou que a conduta deslegitima a carreira militar, que exige honra e lealdade. A defesa tentou, sem sucesso, sugerir transtorno psiquiátrico, enquanto a acusação comprovou o planejamento através de mensagens ardilosas enviadas por Cristiano para atrair Felipe de volta ao apartamento.
A tragédia devastou a família, natural de Fortaleza. Felipe Coelho encontrou os pais mortos ao retornar para casa e precisou depor com medidas protetivas devido ao trauma. O casal, descrito como o alicerce da família, estava de visita ao Rio e deixou três netos.