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O trunfo que Lula deve usar no encontro com Trump

O governo brasileiro confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar com o presidente Donald Trump durante a viagem à Malásia, onde ambos participarão de uma conferência internacional. Segundo apurou o colunista Robson Bonin, de Radar, em participação no programa Ponto de Vista, de VEJA, a reunião bilateral está “apalavrada”, mas depende da estabilidade do cenário geopolítico nos próximos dias.

“As fontes do Planalto dizem que a única chance de o encontro não acontecer é se algo inesperado — como a escalada no Oriente Médio ou novas tensões na América Latina — atrapalhar os planos”, relatou Bonin.

O encontro, se confirmado, marcará um novo capítulo na relação entre Lula e Trump, dois líderes com trajetórias e discursos antagônicos, mas que ensaiam um diálogo pragmático centrado em comércio e tecnologia, deixando a ideologia em segundo plano.

Da diplomacia fria ao pragmatismo comercial

Fontes do Itamaraty afirmam que o objetivo é “manter a conversa no campo econômico”, evitando temas políticos que tradicionalmente afastam Brasília e Washington.

Entre os principais tópicos da reunião estão: exploração e fornecimento de terras raras, minerais estratégicos usados em chips, baterias e equipamentos de alta tecnologia; parcerias em infraestrutura digital, com foco em data centers e segurança cibernética; acordos energéticos, especialmente sobre etanol, área em que Brasil e Estados Unidos são líderes globais.

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“Os Estados Unidos enfrentam gargalos sérios por falta de terras raras, e o Brasil tem uma das maiores reservas do mundo fora da China. Há um forte interesse americano em garantir esse fornecimento”, explicou Bonin. As terras raras seriam o trunfo de Lula a ser usado na conversa.

Segundo ele, o Brasil quer aproveitar o momento para atrair investimentos e reduzir dependências tecnológicas, ao mesmo tempo em que tenta evitar atritos políticos com Washington.

O fantasma da desdolarização

Apesar da pauta técnica, o encontro pode ganhar tons de tensão. Trump tem enviado recados públicos sobre sua insatisfação com a agenda do BRICS, grupo do qual Lula é um dos articuladores mais ativos.

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“Quando Trump critica a ideia de uma moeda alternativa ao dólar, ele está falando diretamente com Lula, que é o principal garoto-propaganda da desdolarização”, lembrou Bonin.

Essa divergência simbólica — a defesa de um mundo multipolar por Lula contra o isolacionismo protecionista de Trump — adiciona uma camada de complexidade ao diálogo.

A nova fase de uma relação cautelosa

A diplomacia brasileira quer evitar que a reunião se transforme em um embate pessoal ou ideológico. Segundo Bonin, o Planalto orientou a comitiva a concentrar a agenda em temas de “interesse comum e resultados concretos”, sem provocações sobre clima, democracia ou direitos humanos — temas em que os dois líderes raramente convergem.

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“É uma relação que está se reabrindo com elogios de ambos os lados, mas todo mundo está com o pé atrás. Ninguém sabe como será o contato direto, olho no olho, entre Lula e Trump”, disse o colunista.

O encontro, se confirmado, pode redefinir a forma como o Brasil se posiciona entre Estados Unidos e China, duas potências cada vez mais em disputa. Para Lula, é uma oportunidade de se reposicionar internacionalmente como mediador e parceiro

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