Influenciadores conservadores e figuras da esfera red pill frequentemente promovem nas redes uma visão de relacionamento na qual os cônjuges são tratados como posse um do outro, anulando qualquer noção de individualidade ou privacidade. Nessa perspectiva, a mulher estaria especialmente submetida à autoridade do marido, sem direito a questionar, discordar ou recusar relações sexuais – supostamente com base em tradições cristãs.
Contudo, um extenso documento publicado pelo Papa Leão XIV nesta terça-feira, 25, contradiz essa interpretação. A carta pontifícia afirma que “o saudável e belo ‘nós dois’ só pode ser a reciprocidade de duas liberdades que nunca são violadas, mas que se escolhem mutuamente, sempre deixando um limite seguro que não pode ser ultrapassado”. O texto adverte ainda que a ideia de posse pode resultar em violência: “Quem ama sabe que o outro não pode ser um meio de resolver a sua própria insatisfação; sabe que o seu próprio vazio deve ser preenchido de outras maneiras, nunca pela dominação do outro. É isso que não acontece em muitas formas de desejo doentio, que resultam em diversas manifestações de violência explícita ou sutil, opressão, pressão psicológica, controle e, em última instância, asfixia”.
Além disso, o documento ressalta a importância do respeito ao espaço individual como alicerce do amor saudável. “A pessoa não se dispersa na relação, não se funde com o amado, permanecendo sempre um núcleo intransferível. Isso permite a preservação daquele nível de respeito e admiração que faz parte de todo amor saudável, que nunca pretende absorver o outro”, diz Leão XIV.