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O suplemento que vai liderar as compras dos brasileiros em 2026 — e quando ele é realmente indicado

Impulsionado por influenciadores, pelo discurso do autocuidado e pela busca por desempenho, o consumo de suplementos alimentares no Brasil vem crescendo a passos largos. Se antes o público majoritário era formado por frequentadores de academia e atletas, hoje a suplementação alcança perfis variados, de quem treina regularmente a quem busca mais energia ou a prevenção de doenças. É o que mostra um levantamento realizado com 2.735 brasileiros entre 29 de setembro e 10 de outubro de 2025, pela Soldiers Nutrition, que traçou um panorama sobre o comportamento do consumidor no país.

De acordo com os dados, a creatina se destaca como o suplemento mais desejado para o próximo ano: 57,8% dos entrevistados afirmaram planejar usá-la, à frente do whey protein (31,3%) e das vitaminas (6,4%). A preferência pela creatina se repete em todas as faixas etárias e regiões, mas o estudo revela nuances regionais: Nordeste e Centro-Oeste lideram o interesse pelo produto (63,8%), enquanto Sul e Sudeste mostram maior afinidade com o whey protein.

O levantamento também revela um mercado em que o preço pesa, mas não é o único critério. Embora 87,4% dos consumidores admitam que o valor influencia a compra, a percepção de qualidade da marca parece ter peso na decisão. Apenas 8% dizem optar sempre pelo produto mais barato. Outro dado que chama atenção é o nível de investimento: 37,4% dos entrevistados afirmam ter gasto mais de R$ 500 com suplementos apenas no primeiro semestre de 2025, especialmente entre os que treinam cinco vezes ou mais por semana.

Com relação ao objetivo, ganhar massa muscular ainda predomina (40,6%), mas também há interesse em saúde e bem-estar (23,4%) e em emagrecimento e definição (22%). O perfil médio continua sendo masculino (63%), entre 25 e 44 anos, morador do Sudeste (58%), mas cresce o número de pessoas acima dos 55 anos que consomem vitaminas e outros suplementos com a ideia de fins preventivos.

Mas quem, de fato, pode se beneficiar desses produtos?

A creatina é, de longe, um dos suplementos mais conhecidos do mercado e entre os poucos com boa evidência científica em esportes de força e potência. Produzida naturalmente pelos rins e pelo fígado, ela pode ajudar os músculos a reciclar energia rapidamente, algo importante durante esforços repetidos e de alta intensidade, como levantar peso ou dar tiros curtos de corrida.

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Ao suplementar, o corpo ganha um “estoque extra” dessa substância, o que pode reduzir a sensação de fadiga muscular e permitir um desempenho um pouco melhor, como conseguir algumas repetições a mais no treino ou suportar cargas ligeiramente maiores.

Mas é importante destacar: a deficiência natural de creatina é rara, e o ganho proporcionado pelo suplemento costuma ser modesto, de 5% a 15%, segundo revisão publicada na Nutrients. Em atletas de elite, esse percentual faz diferença. Para o público geral, porém, a melhora tende a ser discreta, e hábitos como sono, alimentação e regularidade do treino têm impacto muito maior no desempenho.

Isso não significa que o uso é 100% dispensável. Pessoas que estão tendo dificuldade em progredir no treino podem se beneficiar, mas antes é necessário avaliar se o treino está sendo feito da melhor maneira, se a alimentação está adequada, se o sono está em dia e se o uso de álcool ou outras drogas não estão afetando o desempenho.  Além disso, alguns grupos colhem mais vantagens com o uso orientado, caso de pessoas com restrições alimentares, vegetarianos e idosos.

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O segundo suplemento mais citado no levantamento, o whey protein, segue popular entre quem busca ganho de massa ou recuperação muscular. Derivado do soro do leite, ele é uma fonte de proteína de alta qualidade e de rápida absorção, usada para complementar a dieta de quem não consegue atingir a ingestão ideal apenas por meio dos alimentos.

O problema é o uso sem critério. Muita gente adota o whey como substituto de refeições ou em quantidades desnecessárias, o que pode sobrecarregar os rins e aumentar o consumo calórico sem trazer ganhos reais. Para quem tem uma dieta equilibrada, o suplemento tende a ser mais uma conveniência do que uma necessidade.

O entusiasmo com as vitaminas ganhou força durante a pandemia de Covid-19, quando o consumo desses produtos cresceu quase 50% em 2020. Hoje, dois em cada três lares brasileiros têm alguém tomando cápsulas ou comprimidos “para reforçar a imunidade”. Mas, aqui, o uso indiscriminado também preocupa. Um dos principais receios dos especialistas é a hipervitaminose, uma espécie de overdose provocada pelo consumo crônico em altas doses. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), que se acumulam no organismo, são as mais preocupantes: em excesso, podem causar náuseas, tontura, danos ao fígado e aos ossos.

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E tudo isso parte de uma ideia real, mas muitas vezes mal interpretada: o corpo precisa de vitaminas. Sem elas, ninguém para em pé. Porém, quando a dieta é equilibrada, com variedade de frutas, legumes, verduras e fontes animais, a deficiência também é rara. E o que é usado preventivamente pode acabar sendo prejudicial se consumido em excesso.

“Suplementos não são inócuos. É necessário entender as condições de saúde e as necessidades de cada pessoa antes de indicá-los”, alertou a nutricionista Daniela Seixas, doutora em bioquímica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), à VEJA Saúde.

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