Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT no Senado, a COP 30, que começa na próxima semana em Belém, só será considerada bem-sucedida se dela nascer um compromisso financeiro robusto para proteção das florestas. Em entrevista ao programa Ponto de Vista, de VEJA, o parlamentar afirmou que o fundo voltado a países com grandes áreas de cobertura vegetal será o “termômetro” da conferência e uma prova concreta de que o planeta está disposto a agir — e não apenas discursar — contra as mudanças climáticas.
“O fundo seria a coroação e a demonstração de que o mundo de fato quer equilibrar o planeta e tornar possível a vida na Terra”, disse o senador.
Carvalho reconhece que a diplomacia brasileira aposta alto na COP 30, que ocorre pela primeira vez na Amazônia, mas adverte: sem dinheiro novo, o discurso verde perde fôlego. “Precisamos sair de Belém com algo tangível — um relatório, um compromisso, mas sobretudo recursos que deem conta das ações necessárias. O planeta está no limite”, afirmou.
O parlamentar lamenta a resistência de alguns países desenvolvidos, como o Reino Unido, em contribuir para o fundo. “É simbólico. A postura dessas nações vai mostrar se a preocupação ambiental é genuína ou apenas retórica”, observou. Segundo ele, o presidente Lula e o Itamaraty trabalham para costurar acordos que possam destravar as negociações e garantir um instrumento financeiro permanente de apoio às florestas tropicais.
“O esforço é esse: materializar as metas em ações práticas. Não basta um documento bonito. É preciso coordenação, recursos e uma frente global de articulação”, reforçou o senador.
Mais que um evento: uma cobrança global
Para Carvalho, o papel da COP vai além das promessas climáticas. Ele vê na conferência um momento de reafirmação da soberania ambiental do Brasil e de consolidação de uma agenda comum entre governos, empresas e sociedade civil. “Estamos exaurindo os recursos naturais, a água, o minério, e o excesso de consumo precisa ser repensado. A COP é o espaço para esse debate profundo, que deveria acontecer com mais frequência, como Davos”, defendeu.