A dramática e misteriosa história dessa brilhante película envolve uma vida que já se foi, mas ainda se sente por aqui e uma criança que tem que mostrar para ela essa realidade. Muitas pessoas com obesidade, diabetes e doenças crônicas acham que vivem esse mesmo enredo, que a vida acabou, só que estão vivas, muito vivas. O equilíbrio emocional e mental muitas vezes interfere no modo de viver.
Como na ficção, imaginamos uma trajetória brilhante para o nosso corpo e mente, na qual podemos dar conselhos ao invés de ouvi-los e vivermos harmonicamente em um mundo calmo e saudável. Mas a vida não é um filme, na verdade é uma mistura de vários gêneros, onde estar preparado para cada um deles é a chave para o sucesso.
Para muitos, a ideia de estar vivendo em outra dimensão parece confortável. Fugir, evitar, se iludir são maneiras de desviar da realidade e assim como na trama, precisamos de alguém para nos libertar.
Bruce Willis incorpora espetacularmente esse personagem junto com Haley Joel Osment, uma criança que consegue ver quem por aqui não está mais fisicamente.
A ideia de fugir ou melhor, não enfrentar a realidade para muitos é um mecanismo de defesa, um recuo, mas talvez seja um erro.
Estar nesse limbo de doenças crônicas, muitas vezes de forma incapacitante envolta de comorbidades como hipertensão, doenças cardiovasculares, impotência, problemas osteo-articulares e outros mais graves, nos remete à ideia de não pertencimento, ainda mais quando precisamos nos esconder em quartos, porões ou sótãos.
O pequeno Osment também vive em conflito com sua louca realidade: ele é uma criança, obviamente imatura, que tem que enfrentar o seu destino. Diariamente, em todos os lugares ele é contatado por pessoas que já morreram, que o assustam e o fazem se esconder. Na verdade, elas precisam dele para entender quem são e com isso partirem em paz. Já Willis é um brilhante psicólogo que se foi, mas acha que não. Ambos irão se ajudar a entender o que são, onde estão e como se libertarão.
Na trajetória das doenças crônicas, primeiramente deve ficar claro que não há culpa, pois é uma doença. O organismo por traços genéticos, fisiológicos e metabólicos errôneos nos leva para essa dimensão e só temos que entender que precisamos de ajuda.
Vagar sem se tratar, nunca irá nos libertar. As opções de tratamento existem, são consistentes e reais e evitar esse caminho não deve ser a opção. No filme, quando ambos percebem suas reais situações e as enfrentam, conseguem alcançar a paz e é isso que qualquer um de nos precisa: estar em paz.