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O roqueiro que cheirou grandes oportunidades na carreira — e sobreviveu

Um dos maiorais do rock pesado de todos os tempos, o Deep Purple deu-se ao luxo de ter dois grandes vocalistas durante um determinado período da banda. Essa fase começou em 1974, com as contratações que marcaram época. Pouco conhecido até então no circuito musical, David Coverdale assumiu o papel de frontman. O segundo reforço, Glenn Hughes, veio de um grupo britânico emergente, o Trapeze. Hughes era o cantor e baixista da talentosa banda e foi chamado para fazer as mesmas funções no Purple. Coverdale passou a empunhar o microfone principal do Purple, enquanto Hughes passou a figurar como uma espécie de backing vocal de luxo, embora por vezes assumisse o papel central.

O cartão de apresentação da poderosa química entre as duas vozes se deu com Burn, canção de abertura do disco homônimo da banda. A parceria durou outros dois discos. A banda se dissolveu e, na retomada, Coverdale e Hughes já não faziam parte dela. Coverdale criou seu próprio grupo, o Whitesnake, enquanto Hughes tentou seguir em frente de várias formas, primeiro com uma carreira-solo, depois em conjunto com outros projetos musicais.

Mesmo sem obter o mesmo sucesso estelar dos tempos de Purple, seguiu com o status de ser uma das vozes legendárias do rock. Hughes, hoje com 73 anos, parece prestes agora a dar os últimos suspiros na carreira.  Em maio, sua última turnê passou pelo Brasil e foi anunciada como a despedida dele dos palcos (algo não confirmado oficialmente pelo artista). Está previsto para setembro o lançamento de um novo álbum de Hughes, Chosen, mesmo nome da faixa principal. Confira o vídeo:

Hughes também virou lenda por ser um dos sobreviventes da época áurea de excessos químicos do rock. Durante muito tempo, sua rotina consistia em viver em meio a montanhas de cocaína, o que gerou situações como a cena descrita na biografia escrita por Jerry Bloom sobre a banda, com Glenn sendo perseguido por um traficante de cocaína com um revólver e correndo em direção ao tecladista Jon Lord dizendo: “‘Jon, você tem algum dinheiro?’. O tecladista recordou o episódio da seguinte forma: “Então lá estava eu, sentado em um avião particular, dando 2 000 dólares para o baixista pagar seu traficante de cocaína, e eles dizem que tudo isso é sobre música”.

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Nas gravações de Come Taste the Band, último trabalho dele com o Purple, Glenn chegou a receber um ultimato dos companheiros de que seria substituído na turnê de lançamento do álbum caso não se internasse para tratar o vício com o pó. A luta contra a dependência continuou nos anos seguintes, entre entradas e saídas de Glenn em centros de reabilitação, enquanto tentava voltar aos trilhos da carreira musical. Em 1986, figurou como vocalista de uma das muitas encarnações do Black Sabbath pós-fase Ozzy Osbourne. Nesse período, conforme as lembranças dele, mal conseguia falar, mas dava conta do recado nas gravações. O mesmo não ocorria nos shows ao vivo. Após cinco apresentações nas quais ficou claro que não conseguiria entregar uma performance minimamente digna, foi despedido.

Depois de diversas tentativas de se livrar do vício (seguidas por recaídas sérias), Glenn conseguiu para com o álcool e as drogas em 1997. Em sua autobiografia, lançada em 2012, agradece a Deus por ter conseguido superar os vícios em cocaína e crack, além de ter abandonado o álcool. Isso atrapalhou demais a trajetória do músico, que nunca teve a fama nem o reconhecimento que merecia. Mesmo assim, graças ao talento que permaneceu intacto ao longo das décadas e a capacidade de superação, tornou-se uma das lendas vivas do rock.  

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