counter O rascunho da solução: vitória de Israel no Irã sinaliza acordo para Gaza – Forsething

O rascunho da solução: vitória de Israel no Irã sinaliza acordo para Gaza

“A vitória abre uma oportunidade extraordinária para uma expansão dramática dos acordos de paz. Existe uma janela de oportunidade que não pode ser perdida”. Benjamin Netanyahu não falaria isso antes da campanha contra o Irã, sabendo da oposição dos aliados mais linha dura de seu próprio governo a qualquer solução negociada em Gaza.

A oposição continua, mas ele tem do seu lado o salvador da pátria, Donald Trump. O presidente americano chegou a falar num acordo já para esta semana. Não deu detalhes, mas eles estão sendo vazados. As pressões sobre Netanyahu também estão aumentando. O jornal Israel Ayom enumerou as bases:

  1. O conflito termina e quatro países árabes assumem a administração de Gaza, incluindo o Egito e os Emirados Árabes Unidos. A liderança do Hamas vai para o exílio e os reféns israelenses são libertados. A parte do exílio, evidentemente, é a mais complicada, talvez impossível, mas há quem se disponha a tentar.
  2. Diversos países abrem fronteiras para absorver os moradores de Gaza que quiserem emigrar.
  3. A Arábia Saudita e a Síria aderem aos Acordos de Abraão, além de outros países muçulmanos que decidam reconhecer Israel e estabelecer relações diplomáticas (já fazem parte dele Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos). O enviado especial americano à Síria, Tom Barrack, deu a entender que o Líbano poderia entrar no acordo, uma mudança tectônica que diminuiria radicalmente a projeção do Hezbollah.
  4. Israel declara ter disposição a encerrar futuramente o conflito com os palestinos através de uma forma de solução de dois estados, sujeita a reformas na Autoridade Palestina. Tudo o que Netanyahu jurou jamais fazer. Entra aí a pressão de Trump.
  5. Os Estados Unidos reconhecem que Israel tem meios limitados para manter um regime de semi-autonomia na Cisjordânia, chamada pelos nomes bíblicos de Judeia e Samaria.

PARTE DO PACOTE

Cada um desses pontos é infernalmente complicado e conta com grande oposição não só de forças políticas, como da opinião pública, inclusive em Israel, onde a solução dos dois estados se tornou anátema depois da chacina desfechada pelo Hamas em 7 de outubro.

O próprio Netanyahu sempre foi ostensivamente contra “entregar” Gaza à Autoridade Palestina, mas há fontes dizendo que Trump está decidido a botar pressão e o bombardeio de instalações nucleares no Irã fez parte do pacote de um acordo de paz total.

Continua após a publicidade

E como convencer os comandantes do Hamas que sobreviveram à brutal campanha israelense a partir para o exílio?

Existe um precedente importante, em 1982, quando Yasser Arafat e mais 8,5 mil combatentes da OLP tiveram que deixar Beirute, sob assédio das forças israelenses, indo para o exílio na Tunísia. Em 1997, ele entrou triunfalmente na Cisjordânia, depois de um acordo que deveria preceder a independência de um novo estado da Palestina. Foi um momento de grandes esperança para todas as partes, mas sucessivos atos terroristas convenceram muitos israelenses que havia sido um erro armar palestinos que sonhavam em matá-los.

O que pode ser diferente agora? E com o precedente terrível da invasão de 7 de outubro de 2023?

Continua após a publicidade

TIGRE DE PAPEL

A favor de um grande acordo, conta o fato de que Israel está numa posição de força: eliminou grande parte do comando do Hamas em Gaza, enfraqueceu consideravelmente o Hezbollah no Líbano e demonstrou que o Irã, um país 75 vezes maior e dedicado a ter forças armadas intimidantes, era um tigre de papel. Israel pode entrar e sair do espaço aéreo iraniano a hora que quiser, depois de ter eliminado as baterias antiaéreas fornecidas pela Rússia e propaladas como inexpugnáveis.

O seu próprio sistema de defesa israelense revelou uma eficiência impressionante, derrubando 95% dos mísseis iranianos dirigidos para matar civis. Todas as mortes devem ser lamentadas e choradas, mas resistir a chuvas de mísseis balísticos durante doze dias com um total de 28 mortos é uma comprovação da enorme superioridade da defesa antiaérea de Israel.

Um plano internacional, com o aval de Trump, também daria uma saída para Israel. A alternativa seria continuar indefinidamente, causando e sofrendo perdas na flor da juventude que é mandada para a guerra em Gaza, além do desgaste moral que as vítimas civis palestinas provocam. E sem responder: no final, quem governaria Gaza? Se a resposta for Israel, seria um retrocesso muito ruim para o país. Só os ultranacionalistas querem Gaza de volta.

Os obstáculos a serem superados são tremendos, mas pelo menos a solução, por mais difícil que pareça, já foi esboçada.

Publicidade

About admin