Ministro da AGU de Lula, Jorge Messias é apontado como favorito para ser escolhido pelo petista para a vaga aberta no STF com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
Nesta sexta, o magistrado se despede da Corte, abrindo caminho para que Lula possa, finalmente, anunciar sua decisão. Os aliados que defendem Messias citam o auxiliar de Lula como alguém que atende ao perfil desejado pelo petista: um nome fiel aos interesses de Lula, antes de tudo.
Doutor pela Universidade de Brasília, Messias escreveu uma tese que revela como seu pensamento é próximo da lógica política petista de reescrever a história dos governos de Lula e Dilma Rousseff.
O chefe da AGU defendeu, no ano passado, sua tese de doutorado. Batizado de “O Centro de Governo e a AGU: estratégias de desenvolvimento do Brasil na sociedade de risco global”, o texto aborda a AGU e o governo Lula.
Em 328 páginas, Messias ignora a corrupção e os erros do PT, bate na oposição e destaca críticas de esquerda até ao STF. O impeachment de Dilma Rousseff é visto como “golpe” e “dolorosa derrota” ao petismo.
“A necessidade de refletir sobre a dolorosa derrota daquele projeto político nos levou de volta à academia”, diz Messias.
Ao falar do período do Mensalão e da Lava-Jato, Messias cita o “conservadorismo e autoritarismo do STF”, que teria atuado “de maneira partidarizada em detrimento de interesses do PT”.
Sobre Lula e o STF, ele é direto. “A prisão de Lula, bem como a negação do registro de sua candidatura em 2018 reforçaram as censuras”, diz.
As ações contra corrupção nas gestões do PT, patrocinadas pela Operação Lava-Jato, são descritas por Messias como “investigações que, de maneira um tanto superficial e irresponsável, acabaram por criminalizar a política”.
Messias diz que Bolsonaro representa “trágica ascensão da extrema-direita”, responsável pela “desestruturação do tecido institucional do Brasil”. Lula é descrito como a… “reconstrução”.
O ministro de Lula classifica reformas de Michel Temer e Bolsonaro como retrocessos e destaca a “redução do poder de barganha de sindicatos” a partir das reformas trabalhista e da Previdência.
Messias cita o MBL como parte do “processo que acabou resultando no golpe de 2016 e na eleição de Jair Bolsonaro em 2018”.
Ao falar da pandemia, cita Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, como negacionista: “Se, no final do dia, a ciência e as vacinas acabaram salvando o mundo, o negacionismo, contudo, segue imunizado”.