Uma comédia que nos traz muita sabedoria e alertas de como desvalorizamos as pessoas que passam dos 70 foi magnificamente interpretada pelo septuagenário Robert de Niro, em um personagem idoso que resolve voltar à ativa, mesmo como um estagiário. Nesse papel, sua sabedoria e experiência mudam os capítulos dos mais novos que estão ao seu lado, mas que pouco o notavam. A medicina evoluiu muito nas últimas décadas e muito desses de Niro’s estão por aí, saudáveis, com mentes aguçadas, só que na maior parte das vezes vivendo um enredo nada engraçado.
Como já comentei, estou em uma longa jornada pela Ásia e ainda continuo pela China. Diferentemente do nosso jovem país, aqui já são 5 mil anos de lutas que levaram à compreensão e importância de cuidar e respeitar, principalmente os idosos, quero dizer, os cidadãos experientes. Mas não porque no imaginário são personagens frágeis, e sim porque são pessoas boas e que ainda tem muito para nos ensinar.
Após 20 dias, já percorri mais de 10 cidades e tive a oportunidade de visitar e dar aulas em diversos ambientes Universitários e de Pesquisas. Em ambos, a questão da idade é vista como uma boa série, onde os capítulos vividos ao longo daquela vida dedicada ao estudo se tornam cada vez mais intrigantes e interessantes para as novas gerações.
Há muito o Brasil erra ao desistir desses personagens. Universidades e órgãos públicos simplesmente aposentam todos que chegam nessa fase da vida. Desperdiçam 50 ou mais anos que foram dedicados ao estudo e pesquisa, em um corpo e mente sãos, levados para um camarim sem luz ou brilho, somente com jornais, TVs e às vezes um sofá.
Na sabedoria oriental, esse filme tem um enredo bem diferente. Na maior parte dos locais que convivi, os jovens interpretam o universo digital, da inteligência artificial, da dinâmica, mas os protagonistas são sempre os mais velhos. Eles que conduzem o filme. A ideia de tirar de cena o ator principal quando a série está nos últimos capítulos, seria uma trágica perda para qualquer diretor. E é isso que estão fazendo no nosso jovem país.
Na China, as celebridades são os “atores” de 70 anos, que carregam um currículo de atuações com diversas novelas, peças e filmes. E são eles que conduzem todas a obras, de um dos países que mais se desenvolve no mundo, no saber e na riqueza, uma feliz realidade que presenciei e me emocionei.
Como dizia meu falecido pai, quando o questionei sobre um assunto e disse para ele “Isso não é do seu tempo”, ele me respondeu: “Como assim não é do meu tempo? O seu tempo é o meu tempo, já o meu tempo (o que vivi), nunca será do seu ”. No filme chamado vida, fica claro que os idosos somam o hoje com o ontem e com isso tem muito a nos ensinar sobre o amanhã.
Não percam esse filme…